Título da redação:

O Plural Homogênico

Proposta: "Escola Sem Partido" e os rumos da educação no Brasil

Redação enviada em 19/07/2016

“O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele” essa frase dita por Immanuel Kant no século XVIII exprime a importância do ensino no desenvolvimento social e cognitivo de qualquer ser humano. Assim, tem o professor papel de destaque nesse processo sendo que será a partir de sua forma de mostrar os fatos que os alunos fundamentarão suas próprias convicções. No entanto, há diversos relatos de professores que usam de sua função para manipular o conhecimento obtendo assim seu próprio benefício. Essa distorção têm preocupado os pais que reivindicam projetos como o “Escola sem partido”, para de certa forma censurar o professor, pode esse ser o melhor caminho para a educação? É necessário analisar, antes de tudo, a forma como a imparcialidade pode atrapalhar o ensino. Isso porque, quando um professor privilegia certo autor em detrimento de outro, ou aborda apenas uma visão de um fato ele cria maniqueísmos e juízos de valor que não deveriam existir, além disso, impede que o aluno conheça todos os aspectos e decida qual a sua verdadeira opinião sobre o assunto. Não obstante, muitos professores envolvidos com partidos políticos fazem da escola um palanque para seus interesses, influenciando as decisões políticas, principalmente de jovens, que passam a ser militantes de causas sem saberem ao menos o porquê. Com isso, o desenvolvimento crítico desse futuro cidadão é profundamente prejudicado. Por outro lado, projetos como o “Escola sem partido” ao tentarem impedir a abordagem de questões sociais que contrariem os valores morais ou religiosos dos pais, por exemplo, são igualmente prejudiciais á criticidade, pois limitam o conhecimento de mundo dos jovens e o direito a trilharem suas próprias decisões. Além disso, evitam o questionamento e facilitam a homogeneização do pensamento da sociedade que em contrapartida se estabelece de forma cada vez mais plural e diversificada tendo a escola um papel fundamental para, ao mostrar as diversas realidades, combater a aversão ao diferente e a violência decorrente dessa, como o bullying e a homofobia. Diante disso, fica claro que a partidarização na escola é tão nefasta para o desenvolvimento do cidadão como a tentativa de censurar os professores, pois ambas impedem a criação de ideais próprios dos alunos. Portanto, um ensino harmônico, desapaixonado e questionador é o ideal para evitar a manipulação das crianças e adolescentes. Nesse sentido, é imprescindível a criação de capacitações e avaliações anuais dos professores bem como canais dinâmicos dos governos dos Estados, onde os alunos possam denunciar anonimamente práticas abusivas dos professores, havendo respostas cabíveis como fiscalizações e possíveis processos. Igualmente, é necessário a garantia da inclusão da família na escola, com debates envolvendo a comunidade a fim de garantir o respeito ao próximo que começa na escola e se estende em casa. Pois, uma escola plural só se constrói com a participação de todas as camadas da sociedade.