Título da redação:

"Ler" o mundo para poder transformá-lo.

Tema de redação: "Escola Sem Partido" e os rumos da educação no Brasil

Redação enviada em 06/06/2016

Batizado de "Escola Livre" ou "Escola sem Partido", o projeto de lei de autoria do deputado Ricardo Neizinho (PMDB), já aprovado em alguns estados do país, pede "neutralidade política, ideológica e religiosa do Estado". Um mecanismo que o professor deve se abster em abordar conteúdos polêmicos. Sendo, portanto, contrário ao pensamento de Paulo Freire, um dos mais célebres educadores brasileiros que defendia, como objetivo da escola: "Ensinar o aluno a "ler o mundo" para poder transformá-lo." É pertinente analisar, contudo, que o Brasil chegou ao final do século XX com uma educação precária. Num contexto histórico, o país foi planejado para uma sociedade desigual com mão de obra barata. Não havia o interesse de que o cidadão fosse crítico. Dessa forma, a preocupação com a educação é recente, por isso, discute-se tanto as propostas desses projetos, que querem evitar que as escolas questionem as ideias da sociedade. Além de formar profissionais, a escola tem papel de formação cidadã, ou seja, preparar alguém capaz de participar das decisões políticas do país. Fora o caráter inconstitucional, o projeto é visto como conservador, pois deixa de entender escola como espaço de pluralidade de ideias, formação do pensamento crítico e acolhimento das diversas étnicas, raciais, de gênero e religiosas. Outrossim, agride os profissionais da educação com seus trabalhos desenvolvidos. Como falar de história sem citar os conflitos e movimentos políticos? É uma lei que desqualifica e empobrece o processo de ensino-aprendizagem. Fica claro, assim, que em vez de criarem medidas para controlarem os professores, o Governo deveria investir na capacitação desses profissionais, afim de treiná-los para justificar racionalmente suas posições e para cultivar o debate crítico nos alunos. A mídia, como formadora de opiniões, também deve de forma transparente, mostrar debates a respeito do assunto e discutir a realidade do país. Somente assim, as palavras do educador Paulo Freire se concretizarão, transformando esse quadro numa realidade mais dialógica, humana e ativa, marcada pela autonomia do educando e pela liberdade na construção dos saberes.