Título da redação:

Imparcialidade no ensino ou conservadorismo exacerbado?

Tema de redação: "Escola Sem Partido" e os rumos da educação no Brasil

Redação enviada em 23/09/2016

O caput do projeto de Lei 193/2016 expõe o objetivo principal da, se aprovada, nova lei: impedir a influência ideológica dos professores para com os estudantes, fazendo valer assim, a posição ideológica da família. O texto redigido se vale do significado ao pé da letra do termo "aluno", que significa os estudantes quanto seres sem luz. Entendendo a dinâmica de uma sala de aula como um espetáculo, protagonizado pelo corpo docente, de exposição de ideologias políticas e religiosas em que os discentes são coadjuvantes e não o motivo e objetivo da academia, assumindo um papel de "platéia cativa", sem luz e sem capacidade cognitiva de articular opiniões diversas e construir um ponto de vista autêntico. Não que seja negada aos educadores uma posição de destaque na construção do indivíduo. Mas até que ponto esta influência na formação dos discentes deve ser vista como prejudicial e negligenciada? Já é conhecimento cunhado por estudos psicossociais a importância das relações existentes no universo acadêmico para o saudável desenvolvimento do cidadão. O engessamento dessas relações em favor de interesses conservadores deve ser visto com cuidado, uma vez que, tanto a instituição social familiar quanto a escolar têm papel fundamental na personalidade e saúde do cidadão. Haja vista o supracitado, a negligência ao indivíduo de uma experiência íntegra no universo acadêmico, por meio da restrição das expressões da figura docente, causaria déficit no desenvolvimento social e psicológico do mesmo. Os aleijos derivados da rasa experiência acadêmica podem levar por sua vez a um aprendizado, também aleijado, dos conteúdos sistemáticos de sala de aula. A restrição de uma relação integral no ambiente escolar, em seus amplos aspectos pode prejudicar inclusive o mero rendimento acadêmico do aluno. Casos extremos existem e devem ser punidos. Um professor que intimide um estudante e imponha a ele suas ideias não deve continuar lecionando pelo simples fato de não respeitar a individualidade de cada estudante e a pluralidade das opiniões humanas. Mas a ideia de que "quem com ferro fere, com ferro será ferido" não deve ser premissa de julgo. E é isso que o PLS 193/2016 propõe: a defesa dos direitos de expressão das famílias em detrimento dos mesmos direitos da comunidade acadêmica. Para a extinção de casos extremos de mau uso do poder de cátedra o Estado não deve intervir com uma proposta que fira direitos, e sim com ações que aproximem as famílias das escolas, objetivando uma relação estreita entre os interesses. A promoção de discussões entre escola e comunidade sobre assuntos pertinentes aos dois universos deve ser pensada como um meio para este estreitamento da relação. A abertura do ambiente escolar, e não só do ambiente, mas também das atividades deve ser uma linha de pensamento e de ação. Essa realidade já existe por iniciativa própria de algumas escolas, o Governo ao invés de tentar calar a boca de professores, deveria apoiar atitudes de unificação como a citada.