Título da redação:

Escola sem partido e sem futuro

Proposta: "Escola Sem Partido" e os rumos da educação no Brasil

Redação enviada em 29/07/2016

O processo educativo, na visão do sociólogo Durkheim, consiste numa conexão em que a geração adulta, representada pelos professores, socializa a geração jovem, a dos estudantes, através da socialização do conhecimento. A relação aluno-educador, portanto, pressupõe uma relativa liberdade de manifestação de ideias que, tal qual em qualquer situação comunicativa, é dotada de determinadas ideologias do enunciador. E é essa ideologia presente no discurso que vem sendo questionada pelo projeto “Escola sem partido”, cujos defensores entendem que as influências presente em sala de aula promovem a doutrinação do aluno, sobrepondo-se, inclusive, às orientações dos pais. O projeto defende o estabelecimento do ensino neutro, restrito ao conhecimento cientifico e desvinculado de qualquer valor social. Entretanto, essa proposta falha ao assumir que discussões ideológicas que, eventualmente, sejam sugeridas pelo educador são capazes de persuadir decisivamente as opiniões dos estudantes, negando a capacidade crítica, ainda que não amadurecida, dos jovens. Ainda, é utópico imaginar que, ao longo de toda a trajetória acadêmica, todos os professores adotem o mesmo posicionamento político e partidário, moldando as concepções do aluno. Ao contrário, a realidade, ao se manifestar de forma múltipla e complexa, contribui para que o futuro cidadão construa as suas próprias crenças e convicções baseado em tendências particulares e reflexões íntimas. Como atesta Nietzsche: “Convém ser rico em oposições, pois só a esse preço se é fecundo”. Por outro lado, a tentativa de caracterizar conteúdos de caráter ideológico pode se tornar polêmica e divergente, em vista da profusão de possíveis abordagens e definições. Portanto, a escola, como agente transformador, deve reproduzir a sociedade e preparar os alunos para atuar em situações de conflito, ressaltando o potencial do diálogo como ferramenta de entendimento. O projeto “Escola sem partido”, ao pretender balizar o ensino, limita-o à uma educação mecanicista e tolhe a personalidade crítica, reflexiva e questionadora do ser social.