Título da redação:

A escola sem o partido que eu não gosto

Tema de redação: "Escola Sem Partido" e os rumos da educação no Brasil

Redação enviada em 31/07/2016

Em 1563, no período da contrarreforma, foi comum a proibição de livros que pudessem influenciar a população para o caminho do “mau” e prejudicar de alguma forma a instituição igreja católica. Na França caótica comandada por Robespierre, milhares de revolucionários moderados foram guilhotinados sob a prerrogativa e o lema de “liberdade, igualdade e fraternidade”, mas que ao invés disso, presenciaram , em seus minutos finais, cada vez mais a imagem oposta, marcada pela autoridade, desigualdade e o terror. Já Hoje temos um movimento que ao mesmo tempo em que assemelha-se com as proibições impostas no século XVI, assemelha-se com as atitudes tomadas pelo líder jacobino: O Escola Sem Partido. Assim como a igreja católica, que proibia livros, parte de tal movimento defende a proibição político-ideológica dentro das escolas, ou seria, assim como fez a igreja, a proibição somente da visão que não os agrada? Pois, segundo o documento enviado à câmara, deve haver a livre circulação de ideias, entretanto estas devem condizer com os valores morais dos pais. Isso levanta um ponto importante: Quantas visões paternas diferente podemos ter sobre um mesmo assunto em uma sala com quarenta alunos? Como ensinar e discutir o que está somente de acordo com os pais dos estudantes em um país plural tanto cultural quanto ideologicamente como o Brasil? A outra parte, como Robespierre na situação francesa, visa a melhoria na situação em que encontra-se o sistema educacional brasileiro, entretanto de uma maneira que mais lesiona a ferida do que ajuda a cicatriza-la, impondo uma lei que dificulta ainda mais o desenvolvimento do pensamento crítico e de difícil aplicação, pois, afinal, quem se encarregaria de monitorar as salas de aula para capturar os doutrinadores? Faria como no período da ditadura militar em que se colocavam pessoas infiltradas para encontrar opositores do governo? Além do mais, como desenvolver um currículo nacional para o ensino médio que esteja de acordo com os valores morais e religiosos dos pais? Como podemos perceber, há mais perguntas do que respostas nesse polêmico projeto de lei, que, se por um lado possui uma face com objetivos de certa forma benéficos, por outro possui ideias que visam impor uma forma de pensar para os demais, esta face é de fato sim, doutrinadora. Sendo assim, é de suma importância que, para que o desenvolvimento educacional ocorra em nossa nação, encontrem-se formas eficientes de se desenvolver o pensamento crítico nos estudantes, como a aplicação de aulas extras sobre política e ética, evidenciando os diferentes pontos de vista encontrados na sociedade. Além disso, deve-se priorizar, principalmente nas escolas publicas, a laicidade, o respeito às diferenças e à opção sexual de cada um, ao invés de impor o que a família do estudante pensa sobre estes assuntos, para, desta forma, criarmos uma sociedade não de doutrinação, mas de, principalmente, respeito ao próximo e consciência crítica.