O aumento da expectativa de vida de um país como sinônimo de indicador de qualidade de vida já não faz mais parte de nossa realidade. Esse aumento, ao contrário do que se pensa, pode prejudicar o desenvolvimento de uma nação, visto que acarreta uma incrementação excessiva da população de idosos, os quais, a não ser que pertençam a uma classe favorecida, significam apenas indivíduos que não geram valor à sociedade e traz encargos econômicos e assistenciais à classe trabalhadora. É literalmente o que Karl Marx chamou de "coisificação" do homem, ou seja, perante uma sociedade capitalista, todos são vistos como mercadorias, geradores de lucro do sistema, e como o idoso não o faz, ele é ressignificado como algo inútil e incapaz de gerar ou reproduzir. Tendo dito isto, é fácil perceber a ruptura na representação do velho na sociedade, pois, antigamente, ele era visto como um guardião de tradições e sábio por relacionarem seu tempo de vida à experiência. Ou seja, o oposto à visão moderna corporativista, gerada principalmente pelas consequências trazidas por tal excesso. As principais são a diminuição da taxa de natalidade, visto os menores índices de fecundidade entre os anciões ; a redução da população economicamente ativa, provocando uma retração na economia e no mercado de trabalho; e o aumento dos custos previdenciários com aposentadoria e serviços de saúde, que são precários no Brasil. Além disso, a perda do valor simbólico dessa categoria social acarretou a carência de um envelhecimento saudável, pois a exclusão do idoso de vários lugares sociais, como o profissional e o familiar, tem trazido demasiados problemas emocionais para o mesmo, principalmente a depressão. Portanto, torna-se evidente a necessidade de usar esse desequilíbrio demográfico a nosso favor através da inserção dessa categoria social em atividades que sejam saudáveis para o grupo e que gerem lucro ao Brasil. Isso pode ser realizado por meio do investimento no turismo com programação exclusivamente voltada ao público da terceira idade, principalmente entre as regiões, através da elaboração de pacotes de viagens exclusivas para grupos de idosos, envolvendo passeios, compras, atividades físicas leves como caminhadas, conhecimento de patrimônios históricos. A realização dessa proposta deve estar a serviço do Estado, o qual pode criar programas voltados para esse objetivo e investir veemente nisso, já que o retorno econômico e social é de suma importância.