Ao longo do tempo, nas mais diferentes culturas, surgem impasses entre grupos de indivíduos que discordam entre si sobre os costumes que devem fazer parte da vivência humana. Atualmente, nossa sociedade encontra-se dividida por diversos valores, e um dos mais discutidos é a questão de gênero sexual e suas implicações. Alguns movimentos sociais conservadores entendem que está prestes a ser implantada no país uma revolução conduzida por supostas ideologias homossexuais. Entretanto, o que está em questão é a busca por reconhecimento e, sobretudo, respeito por parte dos indivíduos que sofrem os efeitos da homofobia cotidianamente. A reação conservadora explicitou-se há poucos anos atrás, quando o Ministério da Educação planejava uma série de materiais que tinham como objetivo provocar a reflexão sobre a necessidade de respeito às diferentes formas de relacionamentos afetivos. Entidades ligadas à igrejas neopentecostais promoveram atos de protesto contra o que seria um "kit gay" proposto pelo governo, espalhando desinformação e levando o Ministério a recuar na proposta. Infelizmente, os motivos que levaram o governo a tentar promover o respeito ao gênero não foram mera "ideologia de gênero", mas sim, razões baseadas em estatísticas que explicitam o alto índice de violência sofrido por cidadãos devido a motivos relacionados à orientação sexual. Caso haja vontade de avançarmos, enquanto sociedade civilizada, faz-se necessária a abordagem de assuntos relacionados ao respeito à diversidade de gênero em ambientes escolares. Para tanto, o debate precisa amadurecer na sociedade, pois ainda imperam os argumentos moralistas acima da racionalidade. Até mesmo o Papa Francisco mostrou-se flexível a aceitar as diferentes formas de gênero em sua igreja, portanto, o progresso é possível. Logo, o Ministério da Educação deveria elaborar conteúdos relativos a essa questão, podendo ser discutidos no ensino médio, em disciplinas de ciências humanas. Somado a isso, o Congresso Nacional necessita legislar no sentido de tipificar o crime de homofobia, garantindo respaldo legal para a aplicação dos conteúdos e segurança jurídica a quem possa ser violentado.