Título da redação:

A justiça em Scott e Foucault.

Proposta: Ensino sobre gênero e diversidade sexual nas escolas: necessidade ou doutrinação?

Redação enviada em 24/10/2017

Em meados da década de 1970, os movimentos pelos direitos das minorias tiveram repercussão mundial, expondo e criticando os dogmas sociais e as desigualdades de gênero vigentes até então. Nesse contexto, a discussão sobre a sexualidade ganhou destaque, trazendo à tona todo o preconceito enraizado na sociedade. Contudo, em pleno século XXI, persiste um posicionamento conservador, relacionado tanto ao papel desempenhado por homens e mulheres, quanto às formas homoafetivas de relacionamento. Dessa forma, o ensino sobre a diversidade sexual, nas escolas, faz-se necessário para que a mudança de paradigmas seja concretizada - contando, para isso, com o apoio governamental e a proatividade da sociedade. Segundo a socióloga Joan Scott, a definição de gênero abrange as relações culturais nas definições sobre masculino e feminino. Essa concepção corrobora a importância que a abordagem dessa temática tem para as instituições de ensino, considerando que a falta de discernimento é responsável pela opressão ainda existente no país. Tal fato é comprovado quando constata-se que as mulheres recebem cerca de dois terços do que os homens ganham como salário, de acordo com o Ministério do Trabalho. Assim, a problemática estende-se ao cenário social, promovendo uma ideologia sexista que prega a submissão dos gêneros. Destarte, a questão da intolerância sexual também seria resolvida, uma vez que a discriminação por orientação sexual chega a quase 80% dos casos de discriminação, sendo preponderante entre os jovens - segundo o Relatório da Violência Homofóbica. Tendo isso em vista, e considerando o pensamento de Michel Foucault - o qual discorre que a sexualidade é uma interação social -, pode-se concluir que a mudança de mentalidade, principalmente entre os estudantes, é fator relevante para sanar o problema relacionado à não aceitação das novas formas de relação interpessoal existentes. Portanto, o Ministério da Educação deve ser responsável pela elucidação dos jovens, definindo a obrigatoriedade do ensino de gênero, nas escolas públicas e particulares, da seguinte forma: no ensino fundamental, mostrando, nas aulas de história, as diferenças entre as funções desempenhadas por ambos sexos, até a atualidade; no ensino médio, a questão da sexualidade deve ser enfatizada, nas aulas de sociologia, a fim de formar pensamentos baseados no respeito. À mídia, cade a função de mostrar, em minisséries, as diferenças de gênero, também a partir de uma perspectiva histórica, evidenciando as mudanças de concepção que ocorreram ao longo do tempo - promovendo, assim, o entendimento do povo sobre a naturalidade dessas ocorrências. Com essas intervenções, as ideias de Scott e Foucault serão, enfim, implantadas nas escolas e fora delas, resultando em uma sociedade mais justa.