"A educação não muda o mundo. A educação transforma pessoas. Pessoas mudam o mundo". A frase do sociólogo e pedagogo brasileiro Paulo Freire demonstra a importância da educação como forma de atuação pública e social. Atualmente, porém, devido à constante defasagem do ensino estadual no Brasil, observa-se o aumento das práticas de estudo pautadas de acordo com o modelo domiciliar de aprendizagem, o qual não garante o desenvolvimento das capacidades estudantis exigidas. Assim sendo, são necessárias medidas que busquem a extenuação dessa problemática. Em primeiro lugar, é válido ressaltar que o aprendizado em residências pode inviabilizar o crescimento do cooperativismo no aluno. A partir de 1990, com a ascensão do neoliberalismo, o modo de produção e contratação das grandes corporações passou a exigir competências socioemocionais de seus empregados, as quais caracterizam o trabalho ideal do século XXI. Dessa forma, percebe-se que as qualificações cobradas pelo mercado de trabalho, tais como liderança e resolução de problemas em grupo, não são supridas pela educação domiciliar. Em segunda análise, nota-se que a qualidade e quantidade de matérias ensinadas pelo homeschooling podem ser inferiores às que são lecionadas pelas escolas que seguem o modelo tradicional. Além de necessitar da qualificação profissional dos pais, o novo método também demandaria verificações de instituições governamentais, a fim de apurar e corrigir possíveis erros no aprendizado, os quais seriam melhor explicados por professores de cada área do conhecimento. Fica claro, portanto, que a alternativa de ensino proposta pela educação domiciliar se comporta como uma reflexão da piora do sistema educacional público, e, não, como uma solução para o mesmo. Nesse sentido, é fundamental que o Estado, especialmente o Ministério da Educação, invista na infraestrutura e dinamicidade das escolas. Para isso, é essencial que utilize como espelho novas formas de pedagogia, como o da Escola da Ponte, na qual houve a reelaboração da cultura do aprendizado tradicional e do papel do professor. Ademais, táticas como o "flipped classroom", em que são valorizadas a discussão e resolução de exercícios são importantes para a manutenção de progressos. Assim, espera-se que a definição de educação, outrora conceituada por Paulo Freire, torne-se realidade no Brasil contemporâneo.