Título da redação:

Por uma educação interacionista

Proposta: Educação domiciliar: solução para o ensino brasileiro ou fracasso do sistema?

Redação enviada em 22/09/2018

De acordo com dados da Associação Nacional de Educação Familiar (Aned), de 2016, o Brasil possui cerca de 3201 famílias que realizam esse tipo de formação. Isso significa que o número de adeptos a esse modelo de ensino quintuplicou desde 2012. Nesse cenário, entretanto, vale frisar que a educação é um processo complexo que exige contato com o mundo ao redor. Assim, urge discutir se tal sistema pode, ou não, ser entendido como uma alternativa positiva ao formato tradicional de ensino nas escolas. Em primeiro plano, é importante destacar a relação entre a sociabilidade e o desenvolvimento educacional. Em consonância com o filósofo Vygotsky, a formação educacional do ser humano dá-se a partir da dialética entre o sujeito e o ambiente ao redor dele. Isso quer dizer que, para uma pessoa desenvolver-se, é preciso que essa esteja aberta ao convívio social em que está inserida, e isso significa ultrapassar as barreiras familiares, uma vez que a socialização faz parte de um processo amplo que envolve outras esferas, como a escola e a igreja. Nesse sentido, fica claro que a educação familiar, embora pareça possuir uma estrutura melhor que os colégios, falha no aspecto histórico-cultural da aprendizagem. Outrossim, é imprescindível ressaltar que esse gênero de educação não está previsto na legislação nem possui metodologias públicas, de modo que pode haver entraves burocráticos referentes ao progresso desse aluno nas carreiras profissional e acadêmica. Consoante a LDB, os responsáveis de crianças são obrigados a matriculá-las no ensino básico a partir dos quatro anos. Tendo em vista que o STF ratificou essa prerrogativa em 2018, não é possível conceber que o desenvolvimento educacional de uma pessoa que teve formação domiciliar seja padronizado nacionalmente. Como consequência, ter-se-á uma problemática no tocante à aceitação de tal cidadão no mercado de trabalho formal, como também nos outros níveis de ensino, já que o único modo de certificação de aprendizagem que não exige escolaridade prévia, no país, é o Encceja. Dessa forma, percebe-se que a educação familiar pode causar sérios empecilhos referentes a sua validade formadora. Diante do discutido, infere-se que a educação domiciliar, embora seja originada do desejo da melhoria da educação dos filhos, impõe obstáculos de cunho pedagógico, como também de organização institucional e legal no que tange à formação do cidadão. Para resolver tal problema, portanto, é preciso que a mídia, por meio de campanhas no Facebook, exponha os diferenciais da educação escolar, priorizando a importância da socialização no processo educativo, a fim de que as famílias sejam tocadas de que a melhor opção, no Brasil, é a escolarização. Ademais, cabe ao MEC, mediante o investimento financeiro nas prefeituras, propiciar o desenvolvimento da educação básica, com o fito de que a educação domiciliar não precise ser pensada como uma alternativa. A partir dessas ações, notar-se-á a qualidade educacional almeja por Vygotsky.