O fomento à educação domiciliar não é uma problemática atual no Brasil: somente na última década, a adesão a esse modelo de ensino cresceu exponencialmente. Entretanto, esse tipo de metodologia pode acarretar numerosas contrariedades em relação ao desenvolvimento social do indivíduo. Nessa conjectura, é necessário analisar essa contrariedade, de modo a propor soluções para dirimi-la. De acordo com o sociólogo Pierre Bourdieu, o processo de socialização é dividido em habitus primário e secundário, que se caracterizam pela assimilação de valores no ambiente domiciliar/familiar e em outros grupos como a escola e o ambiente de trabalho, respectivamente. Dessa maneira, fica claro que se o indivíduo desenvolve-se somente no ambiente doméstico, sua sociabilização será, de fato, prejudicada e, por isso, o modelo de educação neste ambiente deve ser inibido. Além disso, um agravante do problema é a carência de discussão do tema em mídias sociais que, consequentemente, auxilia na manutenção de movimentos a favor da educação domiciliar, pois não fornecem esclarecimento à população sobre os riscos desta metodologia. Da mesma forma, o Estado, por não investir adequadamente em educação escolar (somente 15% do PIB do país é destinado ao setor), estimula a adesão do modelo de ensino doméstico. Isto posto, é imprescindível que o Estado amplie os investimentos na formação educacional dos cidadãos e de professores qualificados, de modo a dirimir a adesão do ensino domiciliar que prejudica a socialização dos indivíduos. Outrossim, cabe às mídias sociais cooperarem para a difusão deste tipo de iniciativa e seus objetivos em, por exemplo, comerciais na televisão com figuras influentes na sociedade, contribuindo para a manutenção da educação escolar na sociedade.