Lançado em 2017, o filme "Extraordinário" conta a história de um garoto de dez anos que,por ter nascido com uma deformação facial,possui dificuldades em frequentar a escola de ensino tradicional,fazendo com que seus pais fiquem incumbidos de sua educação. Assim como no filme, a educação domiciliar já pode ser considerada uma realidade entre a população brasileira. O processo de formação educacional se inicia no lar e se estende para as demais instituições que formam a sociedade, entre elas a escola. Porém, quando o sistema escolar vigente torna-se obsoleto e ineficiente, cabe à instituição familiar a busca por alternativas que possam suprir essas dificuldades. Ineficiência do sistema educacional brasileiro em oferecer educação pública e gratuita, dificuldade de adaptação de crianças e jovens ao sistema de ensino tradicional, falta de estrutura para integrar crianças com deficiência, questões religiosas, esses são apenas alguns dos principais motivos que fazem com que milhares de famílias em todo o Brasil adotem a educação familiar.Em uma reportagem divulgada pelo jornal Folha de São Paulo, em Outubro de 2015, estima-se que existam mais de 5 mil famílias que fazem uso do ensino domiciliar . Segundo a pesquisa, os números cresceram cerca de 5% em relação ao ano anterior,ou seja, estima-se que nos próximos anos a quantidade de indivíduos adeptos do ensino doméstico cresça ainda mais. A mudança nas condições de acesso ao conhecimento, somada ao avanço tecnológico nas últimas décadas, não condiz com a estruturação atual de ensino, o estudante de de hoje não é o mesmo que do século passado. Em decorrência dessa nova situação, muito tem sido discutido sobre o papel da legislação brasileira. Desde de 1934 é firmada a obrigatoriedade escolar, o Estado fica responsável por fornecer o ensino e cabe aos pais o dever de matricular os filhos nas escolas. Dessa forma, observa-se que há a necessidade de intervenção do Poder Legislativo na Lei de Diretrizes e Bases da educação nacional pois ainda não existe uma lei específica que regularize o homeschooling no Brasil. Um bom exemplo de regulamentação da educação domestica vem de Portugal e Estados Unidos, países que permitem a educação domiciliar, mas exigem que as crianças sejam matriculadas no sistema de ensino, visitadas em casa por assistentes sociais e submetidas a avaliações constantes para saber se o conteúdo que está sendo ensinado em casa dialoga com aquele ensinado nas escolas. Em suma, pode-se dizer que para que seja regularizado o ensino domiciliar no Brasil, o Poder Judiciário, por meio da elaboração de leis, deve estabelecer as bases curriculares a serem seguidas por aqueles que optarem por educar seus filhos em casa. Além disso, é dever do Ministério da Educação, através de visitas monitoradas e avaliações semestrais analisar o desempenho do aluno com o de outros estudantes matriculados nas instituições tradicionais de ensino. Dessa forma, através da manutenção da legislação brasileira, o país estará hapto para suprir as necessidades decorrentes da estagnação educacional que assola milhões de estudantes em todo o Brasil.