O filme americano “Capitão Fantástico” trata a respeito da história de Ben e seus seis filhos, que são adeptos do “homeschooling”, o ensino realizado em casa, de modo que, na trama, a educação familiar entra em conflito com a sociedade. Dessarte, diante da crescente adesão a esse sistema no Brasil, e o grande descontentamento com o modelo tradicional, vê-se a valorização de uma solução individualizada que não vislumbra a problemática do macro. Aristóteles, em sua época, já elucidava a respeito da natureza política do ser humano, a qual faz o indivíduo se inclinar para o convívio social. Em contrapartida, pais que ensinam em casa optam por retirar crianças e adolescentes desse meio, e algumas das queixas são os preconceitos e o bullying. Não obstante, a convivência exaltada pelo filósofo, ao incitar tais questões instiga debates e por meio do auxílio da equipe docente, os discentes podem formar um pensamento crítico do quanto ações podem ser destrutivas. Ademais, como demonstrado no filme supracitado, o ensino veiculado por tutores domésticos pode ser tendencioso para o viés de ideias do núcleo familiar, por conseguinte um dos personagens enquanto filho de Ben se vê deslocado, quando entra em contato com o mundo e os seus costumes, como o capitalismo, pois desde cedo ele foi condicionado a ver os pontos negativos desse sistema. Assim, o que é garantido pela BNCC (Base Nacional Comum Curricular), na proposta de uma educação ampla, que incita o pensamento reflexivo, pode ficar relegado. Com isso, há o embate entre a perspectiva do indivíduo e as diversidades do todo. Em suma, o “homeschooling” é uma proposta que se dá por um viés de particularização do ensino e trás riscos à formação de quem a ele se submete. Portanto, para a estruturação de uma educação coerente, é preciso fazer um mapeamento dos problemas coletivos enfrentados nas escolas de todo o país, de modo que, todo esse processo seja realizado pelo MEC (Ministério da Educação), em parceria com os governos em todas as feras. E através disso, junto à comunidade e especialistas como pedagogos, psicólogos e professores, haja o planejamento de investimento em estrutura, projetos extracurriculares, como: oficinas, concursos e etc. De maneira que tudo isso ocorra pelo subsídio público-privado. Só desse modo, pela ação conjunta a visão aristotélica será honrada.