A problemática questão da doação de órgãos no país é um tema que, raramente, pouco depende de infraestrutura estatal. O delicado assunto esbarra em dogmas religiosos e questões de cunho afetivo e familiar. Infelizmente, esse entrave prejudica pacientes de uma fila que hoje conta com mais de 30 mil pessoas. A morte de um parente certamente altera a percepção das famílias afetadas, e o clima lúgubre é anestesiante por um certo período. Evidente que, como seres humanos, a empatia faz parte de reações naturais do entorno. Todavia, deixam-se de se questionar sobre o que fazer com a matéria orgânica que é deixada no plano terreno. Esses órgãos significariam uma nova esperança de vida para aqueles que sofrem nos leitos dos hospitais à procura de doadores. Um outro entrave para essa problemática é a questão religiosa. O código ético e moral imposto por algumas religiões dita regras extremamente claras sobre rituais que devem ser executados no caso de morte pelos fieis, e a doação é vista como pecaminosa. Para que se possa amenizar a problemática, é necessário que os poderes executivo, legislativo e judiciário trabalhem juntos na criação de leis que tragam a escolha sobre doar ou não os órgãos exclusivamente para o indivíduo. Isso seria feito por meio de uma carta compulsória que deve ser entregue aos 21 anos de idade, autorizando ou não que seja feita as doações no momento do falecimento. Essa configuração visa tornar a decisão individual, e minimizar alienações do meio.