Atualmente, em países africanos, milhares de adultos e crianças vivem em condições de miséria sem poder adquirir ou plantar alimentos para a sobrevivência devido às grandes barreiras econômicas e climáticas dessas regiões. Em contrapartida, nas nações desenvolvidas, o alimento é esbanjado com segurança, desperdiçado e, simplesmente, descartado. Nesse contexto, questiona-se essa defasagem entre populações e as medidas que deveriam ser tomadas para solucionar a problemática. Em primeiro plano, evidencia-se que majoritária parte dos alimentos desperdiçados são eliminados durante a colheita e produção, em que produtos são comparados pela aparência e formato. Prova disso são os dados publicados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária que estima que 60% da produção é perdida na colheita e transporte. Essa seleção, aliada à transportação ineficiente causadora de mais imperfeições visuais, geram exorbitantes quantidades de lixo orgânico alimentar, no comércio e nas residências, que poderiam ser consumidos, normalmente. Outro fator a ser analisado é a questão da indiferença que grande parte da população exerce. Sob a vista do sociólogo polonês Zygmunt Bauman em sua obra “Modernidade líquida”, o homem moderno torna-se mais individualista e egoísta. Nesse sentido, percebe-se que muitos não consideram tamanha dificuldade e necessidades alimentares dos outros e desperdiçam exponencialmente. É notório, portanto, que a problemática está ligada, intrinsicamente, a questões agrárias e culturais. Para isso, é importante que o Governo Federal e a família atuem para combater veementemente o desperdício e, consequentemente, a fome. Ao primeiro, cabe a criação de leis que punam o descarte de alimentos próprios e adequados para o consumo por meio de inspeções obrigatórias a mercados e restaurantes a fim de erradicar o desperdício comercial. Às famílias, cabe o diálogo aberto sobre a temática por intermédio de incentivos lúdicos e caseiros para cultivar uma conduta benéfica para o futuro brasileiro e mundial. Dessa forma, a sociedade vigente terá chances de romper a visão melancólica de Bauman e, possivelmente, transformar a vida de milhares de pessoas que passam fome, atualmente.