O processo de sedentarização e de socialização do homem pré-histórico tem como marco fundamental o desenvolvimento de técnicas agrícolas. Portanto, a capacidade de manter os indivíduos da espécie nutridos e saudáveis é um dos fatores que propiciaram o sucesso evolutivo desta comunidade. Assim sendo, a fome, que persiste em assolar o âmago da sociedade brasileira, representa um grave retrocesso antropológico do homem pós moderno. Mais que isso, tal chaga demonstra as mazelas instituídas pela exclusão social, em meio às perversidades do neoliberalismo. Instituída á luz desse processo, a revolução verde foi um movimento agroindustrial que defendia a maximização da produtividade alimentar, como alternativa para problemas como a fome no mundo. Todavia, em detrimento da invasão do capitalismo nesse processo, o poder aquisitivo se manteve como um obstáculo a eliminação dessa adversidade. Ademais, é relevante destacar que a carência alimentar é um distúrbio que foi palco de discussões em inúmeros momentos históricos. Dessa forma, a vertente ideológica de Thomas Malthus caracteriza a fome como consequência do excesso de população. Logo, ele justifica as vulnerabilidades alimentares por uma ótica extremamente determinista. Em virtude dos fatos mencionados, a fome figura como uma das mais severas faces da globalização contemporânea. Assim, se torna impossível caracterizar a problemática da fome, dissociada da exclusão social. Portanto, cabe ao estado promover técnicas de contingenciamento alimentar, através da criação de subsídios e restaurantes populares. Outrossim, é de vital relevância que a sociedade se mobilize no sentido de desenvolver políticas de reaproveitamento de comida, propiciando-se assim, a maximização de seu uso.