A fome é uma das problemáticas sociais responsável por desencadear levantes com destacável apoio das camadas populares, vide a Revolução Francesa, a Revolução Russa, e algumas ocorridas no Brasil, como a Conjuração Baiana e a Cabanagem. Um dos fatores que leva Estados ao caos da insuficiência de alimentos é o desperdício, o que comprova que a fome, muitas das vezes, não se dá por conta da falta de produtos, e sim pela má gestão durante seu processo de cultivo, transporte, armazenamento e preparo. Segundo estatísticas da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, no Brasil metade dos alimentos é desperdiçada. O país, por ser emergente, possui agravantes ao se localizar no meio da escala desenvolvimentista: o problema tem início na cadeia produtiva por falta de uma logística que garanta adequados cultivo, colheita e transporte, o que é característico de países pobres, e termina na mesa do consumidor, o qual está acostumado a comprar além do que precisa, algo comum nos países ricos. Todo esse desperdício reduz a quantidade de alimentos disponíveis nas gôndolas dos supermercados, encarecendo o preço repassado ao consumidor, infortúnio que atinge mais intensamente as camadas pobres. Em adição ao fato de promover uma dieta cada vez menos diversificada para os brasileiros, ocasionando problemas de saúde oriundos de questões nutricionais, como a anemia ou a subnutrição, o desaproveitamento de alimentos incentiva o desmatamento de áreas para a agricultura e pecuária, além de abrir mercados promissores para indústrias de fertilizantes e agrotóxicos e utilizar mais água para irrigação. Em um país que se concede o luxo de queimar sacas de café, como o que aconteceu durante o Crash de 1929, quando o Brasil se viu sem mercado para exportar sua principal fonte de receita na época, não é absurda a ideia de que 7 milhões de brasileiros passem fome, de acordo com a ONU. A fim de alterar o quadro de desperdício no país, se torna indispensável promover o ideal de alimentação sustentável. É essencial, por parte do Governo, o desenvolvimento de uma logística que reduza ao máximo a perda de alimentos durante a cadeia produtiva. Após isso, o Governo deve trabalhar com incentivos ao consumo integral de um alimento por meio da realização de feiras gastronômicas ou da propagação nas mídias de receitas práticas feitas com partes geralmente descartadas dos alimentos, além de conscientizar a população a respeito da vantagem de comprar apenas o que será consumido, e numa frequência semanal, evitando o estoque. Essas medidas contribuirão para construir um país verdadeiramente democrático, onde toda a população tem acesso a algo tão fundamental para o seu desenvolvimento, como a alimentação.