A República Oligárquica, marcada pelo século XIX e XX, fomentou a marginalização das camadas menos favorecidas, devido principalmente, a política dos Governadores que fortaleceu a concentração fundiária e, por consequência, maximizou a pobreza e a desigualdade. Apesar de vários fatores, históricos e sociais, contribuírem para este quadro, nos chama a atenção que o desperdício de alimentos seja um fator tão importante que qualifica o paradoxo bastante claro de que o Brasil é um país rico, em razão do seu desenvolvimento econômico e cultural, porém pobre por causa de seus problemas de saneamento básico, de infraestrutura e alimentação de todos os cidadãos. O pesquisador da UERJ José Abrandes, ao caracterizar o desperdício de alimentos comparou as porcentagens referentes ao Produto Interno bruto (PIB) do Brasil e de outros países desenvolvidos, Estados Unidos e Japão. Na pesquisa realizada, o desperdício brasileiro foi muito maior do que o dos outros dois países mostrando, assim, que devemos propiciar novas atitudes para esse problema. Seja nos grandes centros urbanos ou em cidades no interior, o desperdício na produção é muito vasto devido às exigências dos comércios varejistas que permitem que alguns produtos não tenham mais valor econômico em virtude das suas imperfeições. Em outros casos, quando a demanda é maior que a procura, os preços dos alimentos caem drasticamente fazendo com que a venda dos produtos sejam inviáveis. Além disso, muitos fatores contribuem para a chegada dos alimentos nos mercados. Para se produzir um alimento é necessário à utilização da água, que deve ser bem tratada e planejada para não provocar problemas de escassez hídrica, o consumo de energia elétrica para a mecanização dos insumos agrícolas e um eficiente transporte com a finalidade de não ocorrer perdas da mercadoria. No Brasil, infelizmente, percebemos um grande problema do transporte desses produtos por causa de péssimas rodovias que apresentam muitos buracos. Ademais, alguns caminhões não são apropriados devido aos problemas de refrigeração e de armazenamento adequado. Logo, a mudança de pensamentos em todas as esferas da sociedade, a conscientização e o investimento em coletas seletivas são os principais pontos para diminuir o desperdício de alimentos. Além disso, é necessária uma fiscalização estatal afim de que a produção seja eficiente e que permita uma melhor distribuição. Para isso, precisamos de uma melhor atuação nas regiões carentes em que a sociedade é marginalizada para melhorarmos o problema da fome, do acesso a saúde e do desenvolvimento social. Programas como o Bolsa Família devem ser aprimorados para melhorar a situação da renda familiar do Brasil, permitindo um amplo acesso dos cidadãos aos alimentos importantes para a vida.