O curta-metragem Ilha das flores, produzido pelo cineasta brasileiro Jorge Furtado no ano de 1989, trouxe às telas por meio de cenas fictícias uma situação real e constantemente ignorada pela população: o destino de alimentos desperdiçados, com a duração aproximada de 15 minutos e fazendo utilização de uma linguagem quase científica e de forma ácida, o filme gera reflexão a quem o assiste. Porém, fora do mundo cenográfico, o desperdício de comida é um problema comum, que trazendo consequências sociais e ambientais tem tornado-se uma questão política, exigindo, portanto, soluções imediatas. Segundo a Empraba, cerca de 40 mil toneladas de alimentos são descartados diariamente no Brasil, sendo a maior parte deles desperdiçados durante o preparo de refeições, logo, conclui-se que o descaso da sociedade para com o assunto é um dos fatores determinantes da atual situação. Além do mais, toda a água, energia elétrica e agrotóxicos usados na produção desses alimentos são desperdiçados juntamente com eles, tal gasto corresponde, segundo a ONU, a mais de 100% do PIB brasileiro e traz consequências ambientais permanentes. Entretanto, de acordo do o Código de Defesa do Consumidor, é proibido expor à venda ou entregar qualquer mercadoria imprópria para consumo, tal fato faz com que, enquanto 1 em cada 9 pessoas no mundo sofrem de fome, a doação de alimentos seja quase inibida. Ademais, os reflexos ambientais se fazem cada vez mais evidentes, haja vista que devido à decomposição de tais alimentos, a taxa de CO2 tende a aumentar, agravando assim os efeitos do aquecimento global. Portanto, medidas são necessárias para resolver o impasse. Buscando uma maior cooperação de empresas e indústrias privadas, a Receita Federal deve fornecer subsídios às empresas ecológicas, diminuindo os impostos para incentivar formas de desenvolvimento sustentável. Além dessas, é válida uma parceria entre Ministério da Justiça e o Ministério das comunicações, uma vez que reformar o Código do Consumidor irá facilitar a doação de alimentos, bem como campanhas midiáticas que incentivem tal ato podem diminuir consideravelmente o desperdício alimentício. Dessa forma, o curta Ilha de Flores ficará apenas na ficção.