A desmilitarização tem sido um assunto recorrente no Brasil, principalmente após os casos de repressão durante as manifestações de 2013. Entretanto, apesar de haver a necessidade de mudanças no sistema policial do país, deve-se considerar as desvantagens da total desmilitarização num território tão violento. Episódios como o motim dos cidadãos do Espírito Santo durante a greve da polícia militar no início de 2017 servem como base para defender a importância de um policiamento ostensivo. No território brasileiro, pode-se dizer que a violência é diretamente proporcional à desigualdade social e ambas vêm crescendo de forma expressiva, tornando a situação cada vez mais fora de controle. É como no livro “Ensaio sobre a cegueira”, de José Saramago: se não há um governo e policiamento justos que mantenham a ordem e a segurança sem ferir os direitos humanos, o caos e a barbárie estarão instalados. Todavia, a polícia militar atual precisa de modificações em sua estrutura, pois, diferentemente das Forças Armadas, ela deve ter o objetivo de proteger a população e não enfrentá-la como inimiga da nação. O abuso de autoridade, a violência no treinamento dos recrutas e as punições desumanas advindas da Justiça Militar aumentam a brutalidade irracional dos PM’s, levando-os a agir contra os direitos humanos. Dessa forma, é necessário que os direitos dos próprios policiais sejam respeitados, mesclando o treinamento militar com o civil e eliminando a Justiça Militar, para que eles possam ser tratados e julgado como qualquer outro cidadão brasileiro. Além disso, o Ministério da Justiça deve estar acompanhando e fiscalizando qualquer abuso de poder e desvio de conduta dos policiais, independe da posição hierárquica. Ademais, é preciso buscar a conscientização dos militares de que todo civil é um ser humano antes de ser um criminoso por meio de campanhas e palestras administradas por organizações de defesa dos direitos humanos. Com essas medidas, é possível promover um Brasil de verdadeira ordem e progresso.