Título da redação:

Descriminalização não é legalização!

Tema de redação: Descriminalização da maconha: evolução na garantia dos direitos individuais ou ameaça à juventude?

Redação enviada em 02/10/2015

Em evidência no Brasil, a possível descriminalização do uso de maconha divide opiniões. Enquanto uma parte da população acha perfeitamente aceitável (ou até necessário) que o usuário da droga deixe de ser tratado como criminoso, a outra acha abominável a simples possibilidade de que isso venha a acontecer. É preciso deixar claro que a guerra contra a maconha, que iniciou nos EUA e foi alastrada para outros países há quase um século, não tem base científica, mas econômica. No começo do século XX, o cânhamo, que é produzido através dos pés de marijuana, apresentava forte concorrência às indústrias tradicionais de papel e tecido norte-americanas. Logo, o então secretário do tesouro, que tinha ligação com indústrias têxteis, conduziu uma campanha para criminalizar a planta no país. Estava plantada a semente da criminalização sem dados científicos no mundo. Voltando ao contexto atual brasileiro, é possível ver os prós e os contras da descriminalização. Antes de tudo, descriminalizar não é legalizar, visto que a venda continuaria sendo proibida, apenas os usuários deixariam de ser mantidos com assassinos e estupradores no sistema carcerário decadente brasileiro, onde, em média, 161 pessoas ocupam o lugar destinado a 100. Enquanto, na contramão, grande parte da população acha que os brasileiros não estão preparados para comprar a droga legalmente e que os traficantes que se encontrassem "desempregados" depois da legalização migrariam para outros crimes. A principal forma de acabar com o tráfico e com a violência causada por ele no Brasil seria a descriminalização gradativa. A estrutura política e social brasileira não suportaria a legalização repentina de uma substância que vem sendo culturalmente repudiada através das décadas. Logo, a descriminalização do uso, seguida pela criação de um órgão responsável pelo controle no Brasil não só diminuiria a rapidez com que a população carcerária aumenta como permitiria que o governo tivesse real dimensão da quantidade de usuários atualmente. O tabu sobre a maconha deve ser quebrado e a população geral deve perceber que assim como a cannabis, o álcool e o tabaco são drogas e as tentativas de proibi-los ao longo da história se mostraram falhas e prejudiciais à sociedade em vários aspectos.