Assim como as drogas lícitas no Brasil, ou seja, o álcool e o cigarro, a maconha pode provocar sérios danos à saúde, como problemas respiratórios e pulmonares, arritmia cardíaca, câncer de pulmão. Entretanto, do mesmo modo como acontece com as drogas permitidas, fica a critério de quem usa escolher se quer ou não correr os riscos que essas substâncias podem causar ao organismo. Porém, diferentemente do álcool e do cigarro, pesquisas científicas vêm mostrando que a maconha pode ser utilizada também como medicamento. Para pessoas que fazem quimioterapia, por exemplo, a substância THC, componente da Cannabis, pode ser mais eficaz que outros medicamentos na redução de náuseas e vômitos. Alguns especialistas também defendem o uso da droga no tratamento da epilepsia, a fim de melhorar as crises mais drásticas da doença. Como se pode perceber, são variados os tipos de pessoas que fazem uso da maconha. Por isso, é inconcebível a ideia de que um usuário dessa droga seja preso pelo simples fato de fazer uso da substância, que, hoje, é ilícita. Caso o álcool e o cigarro também fossem ilícitos, seria o mesmo que prender em flagrante alguém que está bebendo uma cerveja em um bar ou alguém que está fumando um cigarro embaixo de um prédio. Usuários de drogas lícitas ou ilícitas, são, em sua maioria, dependentes químicos e não criminosos. São pessoas que, muitas vezes, precisam de ajuda psicológica, tratamento adequado e acolhimento, em vez de serem levados para a cadeia como criminosos. Ademais, é praticamento impossível confundir um traficante com um usuário de drogas, visto que existem enormes diferenças, tanto sociais quanto psicológicas e até no modo como esses dois personagens sociais se portam, se vestem e dialogam com outras pessoas. Portanto, para que o Brasil possa avançar socialmente no combate às drogas e ao tráfico de drogas, é preciso urgentemente descriminalizar o uso delas. A começar pela maconha, que é apenas uma erva e pode ser usada para outras questões, além das alucinógenas. A partir da descriminalização, é preciso conscientizar a população, por meio de campanhas educativas realizadas pelo governo federal, quanto ao uso correto e os malefícios que a droga pode causar. Outro ponto importante é dar tratamento adequado aos usuários, jovens, na maioria das vezes. Nos municípios, por exemplo, as secretarias voltadas para a parte social podem fazer um trabalho contínuo com esses jovens, fazendo com que eles entendam os riscos que correm e contribuindo para que deixem de utilizar ou utilizem menos a substância. Além disso, é fundamental colocar em pauta, por meio da comunicação pública, a discussão sobre a legalização da maconha e de outras drogas. Governo e sociedade precisam debater juntos essa questão para chegar uma solução definitiva, que inclua o fim do tráfico e a possível regulamentação do uso da Cannabis e de outras drogas no país.