Título da redação:

A erva que continua maldita

Tema de redação: Descriminalização da maconha: evolução na garantia dos direitos individuais ou ameaça à juventude?

Redação enviada em 06/10/2015

Nas leis de um país, quando algo é proibido nem sempre é levantado os motivos desta proibição. As liberdades individuais são direito do homem, mas ainda estão sujeitas à análises diversas como motivações, consequências econômicas e sociais e o impacto dessas medidas na sociedade. Todo entorpecente lícito ou não faz mal à saúde, mas é preciso um debate aberto antes de legalizar ou não seu uso para a população. No mundo, segundo a "Organização Mundial de Saúde", são 224 milhões de usuários da cannabis, sendo 60% destes, adolescentes. É a droga ilícita mais usada e é extremamente danosa quando ainda usada por jovens. Dos 12 aos 23 anos, o cérebro está num processo de "poda neural", processo onde conexões importantes para a formação são reforçadas ou apagadas. Pela alta compatibilidade com moléculas do sistema nervoso, a cannabis impede sinapses importantes podendo levar o indivíduo a depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, perda de memória e dificuldades de concentração. Diferente do álcool, cocaína e do tabaco esses efeitos não são suprimidos com interrupção do uso e causa danos irreversíveis ao cérebro, segundo o Ronaldo Laranjeira, psiquiatra da Universidade de São Paulo. Ainda que descriminalizem, isso não acabaria com o tráfico e tão pouco reduziria o número de viciados, pois o traficante não vende apenas maconha. A erva é apenas uma das drogas vendidas nas bocas de fumo e com taxações dos altos impostos já conhecidos no país, ela ficaria ainda mais cara, facilitando aos usuários e dependentes passarem para drogas "mais baratas" como o crack, que é tão devastadora quanto o "cigarro de seda". Com altas taxas sobre plantio, produção, venda e fiscalização, seria um mercado inviável e a demanda por produtos mais baratos vindos no tráfico de outros países, pode ser a opção mais adequada para manter o setor. Toda medida precisa de um estudo e algumas liberdades devem ter restrições quanto ao uso, como certas drogas dado o alto grau de destruição. Devido a regulamentação do uso, o tabaco tem queda no numero de viciados nos últimos anos em todo o mundo, segundo a "OMS". Com 4 vezes mais alcatrão e monóxido de carbono, a "erva inofensiva" é tão cancerígena quanto o cigarro comum, claramente um problema de saúde pública se for legalizada. Portanto, o Brasil ainda não está preparado para a descriminalização da maconha. Foram feitos avanços na distinção entre usuário e traficante, ainda que isso tenha dado armas de impunidade a este último. Com cautela, deve-se seguir o exemplo dos Estados Unidos, onde foi liberado por 17 estados o uso da planta para indústrias farmacêuticas. Afinal o que importa neste caso é a substância extraída em laboratório para o tratamento de epilepsias, artrites e doenças nervosas. Mas para o fumo, é preciso mais filtro e um discurso mais aberto e sincero em relação aos malefícios que traz, afinal ela não é inofensiva.