Título da redação:

Da teoria, à prática

Tema de redação: ENEM 2017 - Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil

Redação enviada em 20/03/2018

De acordo com o artigo 27 da constituição brasileira "é dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência e discriminação''. Diante deste artigo, percebe-se que é um dever dos brasileiros tratar os deficientes em pé de igualdade com qualquer outro indivíduo do corpo social. Entretanto, verifica-se que este ideal igualitário é visto apenas no papel, e não desejavelmente na prática. Desse modo, a problemática persiste intrinsecamente ligada à realidade do país, seja pela questão emocional, seja através de fatores culturais ou educacionais. Em primeira análise, é importante salientar que o preconceito para com os deficientes em geral, não só os auditivos, está apoiado no ser humano há muito tempo. Na Grécia antiga por exemplo, na cidade-estado Esparta, os cidadãos não aceitavam que qualquer tipo de deficiente fosse considerado digno de viver. Não obstante esse preconceito se encontra nos dias atuais: nas escolas, no trabalho e em todo lugar esse indivíduo é vítima. As empresas evitam currículos cujo candidato apresente alguma deficiência, além de muitas não possuírem infraestrutura para tal. Já nas escolas, o mesmo está sujeito ao bullying. E por fim, o próprio Estado não cumpre com o artigo 27 da constituição, visto que não investe na educação de qualidade para essas pessoas, em especial, o surdo. Outrossim, há fatores que contribuem para a perpetuação do impasse, como a ''vergonha social'' e o medo, que desencoraja inúmeras denúncias, e dessa forma, a busca por justiça e por direitos, peças-chave na manutenção de qualquer democracia. Ademais, por não haver a língua brasileira de sinais (Libras) na matriz curricular de escolas públicas no Brasil, essas instituições ficam impossibilitadas de aceitar um deficiente auditivo nas salas de aula: primeiro porque os demais alunos não poderão se comunicar com o mesmo, e segundo porque o professor não foi preparado para este aluno em particular. Outra importante observação a ser levantada é o da negligência. Na química, a velocidade de uma reação depende da velocidade da reação mais lenta. De forma análoga, o surdo é visto como um empecilho para a sociedade, o que explica sua exclusão social. Diante dos argumentos supracitados, torna-se evidente a necessidade de reformas na sociedade brasileira. De acordo com Paulo Freire, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. Por este motivo a reforma deve-se iniciar pela educação. A escola, instituição formadora de valores, junto às Ong's, devem promover palestras a pais e alunos que discutam essa situação de maneira clara e eficaz. Junto a isso, cabe ao Ministério da Educação (MEC) capacitar os professores do ensino fundamental a se comunicar com os surdos, instruindo-os a Libras, para acolher esses indivíduos a fim de inseri-los no corpo social. A mídia por sua vez, deve abordar a questão, instigando mais denúncias de preconceito e até mesmo de violência-cumprindo assim, o seu papel social. Tomando essas medidas, talvez o artigo 27 da constituição brasileira será seguido com maior rigor e passará a não ser mais visto apenas na teoria.