Título da redação:

Assimilar. Não só ler.

Tema de redação: Democratização da Informação no Brasil: Existe, de fato, liberdade de informação?

Redação enviada em 21/06/2016

O controle do acesso à informação, por ser uma forma de controle do poder, se mostrou sempre dominado por elites e nunca, de fato, democrático. A própria atual produção científica, cujo papel é também o de difundir conhecimento, hoje é publicada em revistas cujas mensalidades só podem ser pagas por poucos. Nesse sentido, cabe analisar no Brasil os aspectos educacionais e tecnológicos que intensificam esta discrepância informacional. Primeiramente, deve-se perceber que qualquer forma de assimilação de conhecimento é um processo ativo. Mesmo que houvesse no Brasil a mais eficiente e imparcial das mídias, de nada adiantaria, uma vez que o povo, em sua grande maioria, não é capaz de ponderar sobre fatos veiculados, mesmo quanto estes influenciam diretamente suas vidas. Ora, a população brasileira é composta por em torno de 70% de analfabetos funcionais. Então, para que se democratize a informação, é preciso que, antes, democratize-se o senso crítico por meio da educação. Ademais, é necessário analisar como novos veículos de comunicação contribuem para esta situação. A internet surge como uma proposta de difusão da informação, e de fato cumpre o seu papel. O que ocorre, contudo, é que tamanha quantidade de informações só potencializa a alienação já existente. A incapacidade de julgar fatos, então, associada a este volume de conhecimento gera uma população que sabe de muito, mas entende de muito pouco. Por fim, em tais condições, a liberdade é, de fato, tirada da população, configurando o que o filósofo Sartre nomeia de “Má Fé”, na qual o povo apenas aceita a realidade como é, sem o ímpeto de tentar compreendê-la. Mostra-se claro, portanto, que uma possível democratização da informação só poderá ser alcançada não só ao melhor utilizar as novas tecnologias, mas ao rever a educação no país. Nesse sentido, o Governo Federal, por meio do projeto de diretrizes de ensino básico apresentado em 2015, deve adotar um modelo de ensino construtivista, que estimule o senso crítico, ao invés de seguir o mesmo modelo falho atual. Ainda, quanto ao uso da internet, é necessário que sejam criados, seja pelo próprio governo, seja pelo setor privado ou ONGs, sites e aplicativos que auxiliem na organização e no aprofundamento dos acontecimentos atuais. Dessa forma, se alcançará uma verdadeira democracia do conhecimento no Brasil.