A Terceira Revolução Industrial trouxe o avanço das novas tecnologias para os meios de comunicação e criou o que Zygmunt Bauman chama de “modernidade líquida”, cuja principal característica é a fluidez das relações entre os indivíduos na sociedade contemporânea. Dessa forma, as redes sociais criaram um novo modelo de interação global com amplo compartilhamento de informações, mas também serviram de palco para manifestações de práticas imorais de impacto direto na sociedade. O espaço virtual da internet permite que o indivíduo defina sua própria identidade e crie relações sociais que se estabelecem e rompem de forma instantânea. Essa fluidez associada à incerteza sobre a real identidade dos usuários cria um espaço em que a punição é extremamente difícil e, assim, os conceitos morais, muitas vezes se perdem, dando espaço à ofensas e agressões. Nas redes sociais como Facebook, a divergência de opinião entre os internautas termina, muitas vezes, em falácias abusivas e desrespeitosas e, em aplicativos como Whatsapp, circulam, por vezes, imagens íntimas que no repasse de mensagens ganham proporções indevidas. Se de um lado, as atitudes ofensivas são virtuais, do outro, suas consequências são reais. Ao lidar com comentários ofensivos ou até mesmo divulgação de seus arquivos e fotos pessoais, as vítimas do cyberbullying desenvolvem doenças como depressão, pânico e alguns casos, chegam a tirar a própria vida. A série norte-americana “13 Reason Why”, baseada em fatos reais, discute o assunto ao contar a história de Rhanna, uma jovem estudante que comete suicídio após ter imagens íntimas divulgadas entre os amigos da escola. A repercussão da série serviu para gerar debates reais e necessários sobre o bullying nas escolas e nas redes sociais. Diante disso, é crucial que as empresas de tecnologia da informação e redes sociais desenvolvam programas mais eficazes na identificação de práticas abusivas realizadas na internet, à fim de garantir a boa conduta nas relações sociais. Os Estados, por sua vez, devem atuar nas escolas, reforçando os valores morais de suas sociedades por meio de fóruns e debates entre alunos e professores. Devem ainda, investir em propagandas de TV e internet e programas de investigação a fim de incentivar denúncias e punir os responsáveis pelas atitudes imorais. É necessário reforçar os valores da convivência na sociedade contemporânea.