Muitos personagens da mitologia grega, como Zeus e Édipo, vivenciaram situações de exposição durante a infância. O pai de Zeus tinha o hábito de devorar os próprios filhos. Sendo assim, sua mãe acabou o escondendo e criando-o em uma caverna. Tendo em vista que essas narrativas são uma representação transmitida por várias gerações e que expressam o mundo e a realidade humana, é possível afirmar que essa questão é uma situação pertinente ao longo dos séculos. Além do mais, a história de Zeus continua representada atualmente pelo enorme contingente de crianças abandonadas por suas famílias, seja por violência familiar, ausência de condições econômicas favoráveis ou deficiências físicas e mentais. Há ainda inúmeras crianças que acabam recorrendo às ruas como forma de fugirem de situações perigosas em suas casas, tais como violência física ou emocional e abusos sexuais. Embora seja um tema recorrente na sociedade pós-moderna, os debates que se instituem acerca desse tema, geralmente, são caracterizados por ideias contraditórias visto que não há um órgão que se dedique exclusivamente a analisar o fenômeno dos “meninos de rua”, bem como o impacto psicológico desse nas relações que se instauram na comunidade. Uma vez que não há estudos detalhados, os números inseridos em qualquer estudo têm como base um sistema defasado. Sob essa ótica, nota-se a importância de dados atualizados, essenciais à formulação e implementação de políticas públicas. O Ministério das Cidades deve promover uma plataforma online que reúna dados sobre crianças e adolescentes em todo Brasil, gerando estatísticas que, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social, têm a capacidade de ajudar a compreender toda a problemática envolvida nessa questão e, consequentemente, reverter o quadro de vulnerabilidade social em que se encontram.