Na obra '' Capitães de areia '' o romancista Jorge Amado expõe, por meio do personagem principal, as dificuldades enfrentadas por crianças moradoras de rua. Todavia, tal fato não é presente apenas na ficção pois, ainda no século XXI, as ruas das cidades são feitas como moradias por crianças e jovens brasileiros. Assim, diversas medidas precisam ser tomadas para tentar combater esse problema, incitando uma maior atuação do poder público, juntamente com os setores engajados. Em primeiro plano, é válido ressaltar que, como mostra a tese de Thomas Hobbes, a intervenção estatal é necessária como forma de garantir o equilíbrio social. Contudo, o que é proposto não parece ser aplicado na prática, visto que de acordo com a campanha Criança não é de rua, mais de vinte mil crianças e adolescentes vivem abandonados nos grandes centros urbanos, decorrentes da pobreza extrema e envolvimento com drogas. Logo, evidencia-se o esforço a prática da garantia dos princípios constitucionais a essa parcela da população. De outra parte, o sociólogo Zygmunt Bouman define, na obra ''Modernidade Líquida'' , que o individualismo é uma das principais características da pós-modernidade, e, consequentemente, parcela da população tende a ser incapaz de se mobilizar com o problema do outro. Nessa perspectiva, essa inercia de grande parte da população, e por conseguinte, o poder público, contribuem de forma crucial para a manutenção de milhares de crianças sem moradia. Nesse sentido, a sociedade civil tem o papel de de mobilizar a população, com a finalidade de lutar para modificar essa conjuntura. Torna-se evidente, portanto, a necessidade de mudança dessa realidade social brasileira. Nesse âmbito, é necessário que as ONG's mobilizem a população para que lutem em prol da retirada de crianças das ruas, fazendo manifestações, campanhas e abaixo-assinados visando atingir o poder público. Ademais, é interessante que o Ministério da Cidade tenha o objetivo de humanizar os espaços das cidades, acabando com as desigualdades sociais, implementando programas sociais, como a construção de mais moradias populares. E ainda, cabe ao Ministério dos direitos humanos, a formulação de politicas e promoções de ações voltadas para o direto da criança, investindo no combate as drogas e na reabilitação de viciados. Dessa forma, somente com a cooperação entre Estado e sociedade será possível lutar contra esse problema social.