Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: Crianças em situação de rua e soluções para o problema

Redação enviada em 24/03/2018

“Vou-me embora para Passárgada, lá sou amigo do rei, lá tenho a mulher que eu quero, na cama que escolherei… Em Passárgada tem tudo. É outra civilização…”. Essas inesquecíveis palavras de Bandeira, embora sejam uma crítica alegórica, nos remetem à aspiração humana de viver em uma sociedade que ofereça proteção e bem-estar social. Em vista disso, a presença de crianças morando nas ruas adentra no âmago da instabilidade social, por ferir direitos humanos essenciais, ir de encontro às garantias oferecidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e colocar em risco a vida humana. De fato, deliberar sobre os meios para combater esse problema é a medida que se deve buscar. Antes de mais nada, é notável que fatores econômicos são determinantes nessa questão. “Capitães da Areia”, de Jorge Amado, retrata a vida de jovens abandonados que, no contexto miserável das ruas, sonham com um futuro distante. Hodiernamente, a obra ainda se mostra precisa, na medida em que a garantia de direitos fundamentais dessas crianças esbarra na desigualdade da distribuição de riquezas no Brasil. O país, apesar de ter um PIB per capita de mais de oito mil dólares, está entre os dez mais desiguais do mundo, conforme medição do Coeficiente de Gini, o que demonstra a grave falha das políticas públicas. Dessa forma, infere-se que inexistência de um lar para essas crianças surge de uma infraestrutura que não propicia oportunidades iguais a todos. Além disso, pode-se dizer que rupturas no sistema educacional brasileiro também contribuem para que crianças habitem as ruas. Nelson Mandela, ao declarar que “a educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”, acreditava no papel que ela tem de alterar essas realidades cruéis. Entretanto, uma vez que as escolas brasileiras sofrem com a falta de incentivo governamental, com os desvios de verba e com o método de ensino defasado, elas acabam tendo seu potencial reduzido. Diante disso, o fato de esses jovens não terem a Escola como um pilar em suas vidas, mas sim as ruas, poderia ser mitigado se houvesse uma maior integração entre pais, alunos e professores, em um ambiente capacitado a oferecer novas perspectivas de vida, por meio de um Poder Público interessado em garantir a educação de direito, determinada no Estatuto da Criança e do Adolescente. Assim, para que se modifique a realidade dessas crianças, mostra-se eminente que o Poder Público seja mais eficiente em suas políticas públicas, de forma que lhes garanta acesso a assistentes sociais especializados na identificação delas e na promoção de um lar adequado, onde possam crescer com garantia de direitos e oportunidades. Do mesmo modo, o Ministério da Educação, em parceria com as escolas, deve promover uma educação mais qualitativa, por meio da melhoria da infraestrutura de ensino, garantindo uma escola que seja um segundo lar para as crianças. Somente assim, o Brasil se tornará “uma outra civilização”, para aonde desejava ir Manuel Bandeira.