Título da redação:

"O tempora, o mores!"

Tema de redação: Crianças em situação de rua e soluções para o problema

Redação enviada em 10/02/2018

Cícero, senador da Roma Antiga quem muito influenciou a literatura ocidental, perfilhava ampla ingerência da República em meio popular para o êxito do bem-estar social. Uma das faces perversas de um país emergente, como o Brasil atual, é a das crianças em situação de rua, problemática a qual o republicanismo brasileiro mostra-se insuficiente ao tentar resolvê-la. São duas as tônicas da problemática supracitada. "A priori", emerge a seletividade com a qual agem os potenciais pais e mães adotivos. Guiados por preceitos estéticos - os padrões de beleza e aceitação do atual mundo globalizado - poucos são os adotantes que interessam-se por crianças que sejam, entre tantas coisas, brancas, magras e bem abastadas: ou seja, que sigam referências "elegantes", a exemplo dos traços europeus. O segundo ponto aguçante do caso baseia-se na principal causa da questão dissertada: a pobreza. Crianças desfavorecidas economicamente - as quais, majoritariamente, residiam antes nas periferias - muitas vezes perdem suas moradias, devido, principalmente, à má condição de vida capaz de ser fornecida por pais carentes. Aproveitando-se do pensamento do filósofo Mangabeira Unger, para quem apenas as coordenações estratégicas de um Estado emponderado podem sanar problemas sociais como os aqui tratados, traça-se uma estratégia governamental. Conclui-se, em virtude do que foi apresentado, que cabe ao Governo Federal a missão de guiar os cidadãos à legitimação de adoções de quaisquer crianças, independente de questões étnicas ou estéticas: isso deve ser feito através da publicidade da televisão e da Internet. Seguindo-se o pensamento de Darcy Ribeiro, parece ser condição "sine qua non" o maciço investimento estatal na educação de base, que engaje no imaginário infantojuvenil a perspectiva de uma próspera vida profissional. Assim, teríamos um legado republicano do qual Cícero preconizaria, em contraste aos momentos de exaltação em que brandava "O tempora, o mores!" - em tradução livre, "Ó tempos, ó costumes!"