Lançado em 2009, “Up – altas aventuras” é um filme que conta a história de um senhor que, ao perder a mulher e com grandes chances de ter a casa derrubada para alocação de um empreendimento, viaja para fugir da internação em um asilo. Infelizmente, a realidade desrespeitosa retratada na animação não é tão diferente da vivenciada por vários indivíduos senis. Portanto, no Brasil, lugar onde o número de adultos com mais de 60 anos só cresce, é cabível discutir se o país está de fato preparado para lidar com os desafios promovidos pelo aumento da expectativa de vida. Nos tempos atuais, é cabível questionar se a terceira idade é realmente sinônimo de melhor idade. Segundo Otávio Nóbrega, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, idosos com pior qualidade de vida nem sempre são os mais enfermos. O papel do ambiente social seria, dessa forma, mais determinante para a qualidade de vida do que propriamente o estado geral de saúde. Assim, a exclusão, decorrente da inadaptação a ferramentas tecnológicas, aliada a impaciência das pessoas mais próximas ao idoso, é uma situação sofrida por parte dessa da população. Além disso, os mais velhos encontram dificuldades de se inserir socialmente por causa da sua limitação física. Contemporâneos de uma era que se vive em ritmo frenético, supervalorizando a rapidez, os indivíduos de idade avançada veem sua autonomia comprometida, principalmente nos grandes centros urbanos. De acordo com reportagem do Jornal Nacional, da Globo, uma pesquisa realizada pela USP aponta que São Paulo não está adaptada aos longevos quando o quesito é mobilidade: a velocidade com que mudam as luzes dos semáforos não é condizente com o tempo que, em média, um idoso usa para atravessar uma rua, sendo entraves na sua locomoção. Logo, fica claro que, apesar da taxa de esperança de vida ter subido ao longo da história, este crescimento não foi completamente acompanhado pelas outras esferas da sociedade, sendo necessários ajustes para a integração dos mais antigos com a coletividade. Desse modo, o governo, planejando programas voltados à terceira idade, poderia através aulas de informática, ensiná-los a manusear aparelhos eletrônicos, bem como configurar a logística do trânsito nas cidades brasileiras. A família, base na vida de qualquer ser humano, deve conscientizar-se e acolher os patriarcas, respeitando suas restrições. Dessa maneira, cuidaríamos, no presente, o que nos espera no futuro.