“João, ao acordar, lembra que hoje é seu aniversário de 60 anos e que, agora, faz parte do grupo da terceira idade”. Assim como João, milhares de brasileiros estão nessa fase da vida e, segundo o IBGE, esse número que já soma 27 milhões tende a só aumentar, devido, principalmente, às mudanças comportamentais e sanitárias da sociedade nos últimos séculos. Esse crescimento da população idosa exigirá adequações governamentais, sociais e familiares para que eles possam usufruir de uma melhor qualidade de vida. Vale ponderar, de início, a respeito do atual tratamento do governo e da sociedade para com os idosos. Nesse contexto, aquele, apesar de ter proporcionado avanços como o Estatuto do Idoso, demonstra, infelizmente, ser negligente quando o assunto é a saúde da população em geral e, principalmente, dos mais velhos que, por questões biológicas, necessitam de mais atenção. Consoante à Sociedade Brasileira de Geriatria, o SUS não proporciona o atendimento adequado da parcela populacional anciã. Além disso, é evidente a esteriotipização, por parte da sociedade, dos mais velhos que, por muitas vezes, são vistos e tratados como um fardo que a população economicamente ativa tem que carregar e ,tal indiferença, pode levá-los a sofrer de doenças psicológicas como a depressão. Em segundo plano, é fundamental a análise no âmbito familiar dos idosos. Nesse quesito, é notório o descaso que os avôs e avós brasileiros enfrentam diariamente de seus familiares que não os veem com aquele carinho de que necessitam. Assim, é comum os mais velhos serem levados para viver, os anos que lhe restam, em asilos que, em alguns casos, são mal preparados para os receber. Tal situação real de precária atenção pelos familiares é demostrada no conto Feliz Aniversário, de Clarice Lispector. No qual, a senhora Anita, na sua festa de comemoração de 89 anos, houve no término dessa: “ até ano que vem” de seus filhos. Com isso, percebe-se que só é procurada nas datas comemorativas. Em suma, a população anciã, no Brasil, está crescendo e isso trará como consequência a necessidade de adaptação governamental, cívica e familiar para encarar esse cenário. Para isso, cabe ao governo e ao Ministério da Saúde investir nas clínicas, hospitais e centros especializados na saúde dos idosos, a fim de que, esses tenham o tratamento que necessitarem. Além disso, a escola, como instituição socializadora, deve trabalhar, direcionada aos jovens, futuros adultos e familiares dos anciões, com palestras e aulas específicas de como os mais velhos devem ser tratados e, assim, mitigar a esteriotipização. Assim, o Brasil poderá oferecer uma vida digna a todos os idosos, inclusive, o João.