Título da redação:

Humanidade (não) obsoleta

Tema de redação: Consumo consciente: como minimizar o impacto do nosso consumo no planeta?

Redação enviada em 11/08/2018

A Crise de 1929 levou muitos economistas norte-americanos a defenderem que produtos duráveis devastariam a economia e os negócios, pois, uma vez adquiridos, sua comercialização não mais se faria necessária. O que não destacaram, porém, foram os frutos da obsolescência desses bens em relação ao cidadão e ao meio ambiente: complicações comportamentais e danos ambientais irreparáveis. A intensa produção e descarte produtos considerados obsoletos, principalmente os eletrônicos, devido à alta demanda de mercado, têm acentuado a contaminação de solos, águas e ar. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, da ONU, mais de 80 mil toneladas de resíduo sólido são descartadas diariamente no Brasil de forma incorreta. Além disso, o Global E-Waste Monitor, estudo realizado em parceria com a ONU, anunciou que o Brasil é o segundo maior produtor de lixo eletrônico no continente americano, revelando que a intensificação da produção de bens de consumo está diretamente ligada ao desequilíbrio ambiental do planeta. Somado a isso, existe hoje no Brasil uma cultura de consumo que se originou na Europa, no início do século XX, à qual o filósofo alemão Walter Benjamin atribuiu o desejo pelo supérfluo e o desprezo pelo fundamental, ou seja, indivíduos preocupados apenas com exibição própria. Essa sociedade de consumo se autossustenta por um ciclo de mercado insaciável: a procura leva ao aumento de produção, que acaba por gerar mais empregos, fornecendo aumento de renda para o cidadão, que comprará mais. Ainda de acordo com o filósofo, tal fenômeno tornaria o ser humano um mero escravo da matéria. Para reduzir a produção de resíduos sólidos e permitir que a população saiba discernir sobre o poder persuasivo nas relações de consumo, medidas de conscientização devem ser tomadas. Portanto, para alertar a população sobre os prejuízos comportamentais, financeiros e ambientais da busca constante por ostentação, é importante que a Secretaria Especial de Comunicação Social, em parceria com as respectivas agências nacionais de fiscalização da indústria e comércio, institua campanhas de controle do consumo exacerbado por meio de publicações semanais nas páginas das redes sociais das próprias empresas fabricantes, informando, ainda, sobre o destino dos bens descartados.