Um dos principais nomes da Sociologia, Émile Durkheim, definiu o conceito de solidariedade orgânica para as sociedades capitalistas como um conjunto de relações interpessoais de alta complexidade na qual ainda há uma grande relação de interdependência. Hoje, o conceito ainda faz sentido quando se trata do tema “consumismo”. O consumo desenfreado ativa uma complexa cadeia de serviços que, devido à atual dinâmica do capitalismo, diluiu-se no cotidiano da sociedade, que é incapaz de enxergar esse processo e suas consequências. Quando um indivíduo compra qualquer tipo de produto, antes de chegar até as mãos do comprador, ele ainda se encontrava na natureza, como uma mercadoria em potencial. Com a intervenção humana, o material passa por diversos processos que desencadeiam vários serviços e atividades dos setores econômicos de um país. O economista Milton Friedman em seu documentário “Free to Choose” analisa a produção de um simples lápis para explicar esse processo. Em síntese, se existe uma demanda maior (mais pessoas consumindo), haverá maior atividade de setores da economia para tentar aumentar a oferta, gerando maior exploração de matéria prima e, quando o produto disso tudo chegar até o consumidor e ele o descartar, irá gerar mais lixo. Uma verdadeira comprovação da definição de solidariedade de Durkheim. Tendo em vista a complexidade do ato de consumir, é possível perceber que a base de toda esta cadeia é o consumidor. Tanto o início do processo - o ato de comprar -, como o seu fim - o descarte do lixo - possui sua participação. Além do mais, sem ele, os setores econômicos são inúteis e a economia não progride. Logo, observa-se aí a grande importância da estimulação de um indivíduo conscientizado sobre as consequências dos seus mais simples atos, como o de comprar algum produto, com o fim de diminuir o impacto ambiental do consumismo e preservar o planeta, pois somente com sua integridade é possível continuar produzindo. É bom para todos os personagens dessa cadeia. Depreende-se, pois, que o consumo consciente e o bom funcionamento dos fornecedores de produtos e serviços é importantíssimo na preservação ambiental. Portanto, o governo deve investir em tecnologias aplicáveis aos setores econômicos (indústrias, transportes, agropecuária etc) de forma que haja uma produtividade mais sustentável ou até mesmo utilizar fontes de energias renováveis, como a energia solar para regiões de alta incidência de irradiação durante o ano, a exemplo do Tocantins. Além disso, é necessária a conscientização por meio de campanhas, filmes e documentários, publicidades ou programas, seja por TV ou pela internet. A criação de canais na internet, como no Youtube por exemplo, que dê dicas e mostre o cotidiano de alguém que vive uma vida sustentável e explique a importância da escolha de vida, seria um ótimo pontapé inicial.