No filme "101 Dálmatas", a vilã Cruella De Vil sequestra filhotes de dálmatas para fazer o casaco pelo qual ela está apaixonada, desenvolvendo uma história com várias aventuras e um final feliz. No entanto, fora das telas, percebe-se que muitos animais, assim como aqueles, enfrentam situações adversas, mas que, infelizmente, nem sempre terminam bem. Nesse sentido, hodiernamente, pode-se afirmar que a questão dos maus-tratos contra esses seres é um desafio que tem ganhado notoriedade na sociedade, cuja solução esbarra em questões como valores sociais e a negligência estatal frente a essa temática, revelando a necessidade de ações que proporcionem mudanças de modo positivo. Primeiramente, de acordo com o sociólogo Durkheim, a educação é um organismo vivo e consiste na transmissão do conhecimento da geração adulta para a mais nova. Seguindo essa linha de pensamento, é notável que, para romper com as diversas formas de violência que esses seres vivos enfrentam, é preciso fomentar a alteração mental dos cidadãos por meio de debates e campanhas de alerta, e não somente para crianças e adolescentes, mas para todos, principalmente os adultos, uma vez que a maioria dessas más ações são realizadas por eles. Nesse viés, ultimamente, o caso do assassinato do cachorro envolvendo um funcionário da empresa Carrefour comoveu milhares de pessoas, que, em resposta ao ato, protestaram nas redes sociais pedindo justiça. Destarte, é inegável a necessidade de exposição desse assunto tanto nas escolas, via palestras, quanto nos canais midiáticos, mediante propagandas informativas, para que toda a população esteja ciente das consequências desse imbróglio e altere suas atitudes. Outrossim, contemporâneo ao filme citado, o tráfico de animais também é outro revés que promove a situação atual, haja vista que muitos deles, ao serem capturados, são alojados em locais degradantes e sem alimentação. Relativo a isso, no final de 2018, mais de 400 animais silvestres foram encontrados em condições precárias em uma residência na Grande São Paulo, presos em gaiolas e caixas de plástico, comprometendo o seu bem-estar. Todavia, casos como esse não surgiram atualmente e é notável que o governo brasileiro já deveria ter rompido com essa situação por completo, porém, isso nunca ocorreu. Desse modo, para combater os altos índices de biopirataria, que afeta a saúde física e emocional dos animais, é preciso que o Estado nacional posicione-se frente ao revés e promova ações tanto no campo das investigações desses casos quanto na retirada dos animais das ruas, pois esses dois impasses corroboram o cenário vigente. Sendo assim, visando resgatar os milhares de "dálmatas" que encontram-se em situações de risco e garantir a sua proteção, medidas são indispensáveis para a mudança desse paradigma. Para tanto, é fundamental que o Poder Executivo fortaleça os mecanismos de investigação e vistorias de biomas, casas de abrigo, clínicas veterinárias e residências, por meio da ampliação do número de agentes dessa área em todo o território nacional, com o fito de impedir que esses bichos sejam submetidos às variadas formas de maus-tratos. Ademais, cabe ao Ministério do Meio Ambiente criar programas de retirada desses animais das ruas por intermédio da construção de abrigos para eles e da disponibilização de veterinários, bem como fomentar, juntamente com a mídia televisa, a sua adoção pelos cidadãos, a fim de proporcionar melhorias na sua qualidade de vida e reduzir os índices de abandono.