“Atirei o pau no gato, mas o gato não morreu”. É assim que começa uma popular canção infantil que, apesar de parecer inocente, demonstra uma prática criminosa que permeia a sociedade brasileira: os maus tratos contra animais. Nesse sentido, é fundamental abordar essa problemática e buscar as devidas soluções. Em primeiro lugar, é válido ressaltar que o ato de crueldade contra animais é um crime previsto na Constituição Federal. Apesar disso, essa prática persiste e uma possível causa para isso é a ineficácia das punições, visto que não há obrigatoriedade de pagamento de multa para a liberdade nos casos de tráfico de animais, e dificilmente noticia-se algum caso de aplicação das punições adequadas nos casos com animais domésticos. Desse modo, isso claramente representa um retrocesso para a sociedade brasileira, já que segundo o líder pacifista Mahatma Gandhi, a grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que seus animais são tratados. Sob outra ótica, um fator motivador para essa realidade é a crença cientificamente equivocada de que o ser humano é o ápice da evolução e que os demais animais, como inferiores, existem apenas para satisfazer seus caprichos. Assim, os maus tratos se tornam banalizados e não são denunciados, fato que pode ser explicado também pelo fenômeno da psicologia conhecido como Efeito Espectador, em que quanto mais pessoas presenciam algo que merece intervenção, menor a chance de que um indivíduo tome a iniciativa, ou seja, o resultado é a difusão de responsabilidade e a redução da solidariedade. Ademais, esses sentimentos de superioridade e individualidade devem ser combatidos. Fica evidente, portanto, que mudanças são necessárias para combater os maus tratos contra os animais. Para isso, o Poder Legislativo deve criar leis de modo a tornar as punições aplicadas nesses crimes mais severas, bem como elevar o valor das multas, especialmente nos casos de tráfico, de modo a desestimular essa prática. Somado a isso, essas leis devem exigir que os criminosos permaneçam na prisão até que cumpram sua sentença, seja por meio da multa ou da privação de liberdade. Por sua parte, cabe às escolas a educação, por meio de debates e trabalhos interdisciplinares, sobre a importância de cada animal no ecossistema, além da interdependência entre eles e os seres humanos; essa mesma instituição pode, também, instruir sobre as formas de denúncia existentes, como o “disque 181”. Com essas medidas, os impactos apresentados poderão ser amenizados, seja pelo esclarecimento da relevância da atitude individual, seja pelas duras penalidades.