Título da redação:

Redação sem título.

Proposta: Como solucionar a questão dos maus-tratos contra os animais

Redação enviada em 14/07/2018

Segundo o filósofo Peter Singer, justificar a exploração ou os maus-tratos à outra espécie, demonstrando uma ideia de superioridade de uma “raça” sobre as demais com base na capacidade de raciocinar, configura um “especismo”. No contexto vigente no Brasil, o que se nota é a aplicação desse conceito estratificante, que define as relações ecológicas com base no imperialismo do “homo sapiens”, exemplificado no abandono de animais e na prática de tortura no lucrativo mercado do comércio zoológico, fatos que impelem discussões por parte da coletividade sobre as possíveis soluções para o destrato de animais. É elementar que se leve em consideração, primeiramente, a prática de abandonar animais como um desafio a ser superado no que tange à problemática. Dessa forma, ao remontar à Revolução Neolítica e a colateral domesticação de muitas espécies pelo ser humano é possível traçar um paralelo até a contemporaneidade e verificar que a exploração e a ideia de posse dos animais pelo homem se faz presente historicamente. Por conseguinte, a atitude humana de “objetificar” as demais espécies é utilizada como afirmação ideológica para o abandono, dado que o ser vivo é considerado uma posse à disposição dos ímpetos do ser humano, conforme afirma o ilustre jurista Norberto Bobbio, para o qual todo ser vivo possui direito à dignidade, visto que a vida é condição suficiente para o animal ser portador dessa benesse. Tal situação de maus-tratos, dissonante do que garante a Carta Magna de 1988, precisa ser rechaçada, e o ato estapafúrdio do abandono ser eliminado com urgência. Em segundo lugar, mas não menos importante, é imperioso citar a mercantilização de diversas espécies como promotora de episódios de descuidos com os animais. Nessa esteira, a ascensão de práticas sociais, como a valorização de bichos com “pedigree” em detrimento dos demais, criou uma rede de exploração em prol do lucro que cerceia a liberdade, induz artificialmente os períodos férteis para aumentar a procriação e, consequentemente, o retorno financeiro dos criadores sem levar em contar a qualidade de vida do animal. Outrossim, consoante relatório do IBAMA em 2017, o tráfico de animais silvestres foi responsável por 28% das mortes de pássaros no Brasil nesse período, expondo o desequilíbrio existente na biocenose brasileira, a qual se encontra ameaçada diante da atuação humana desestruturadora das teias ecológicas constituídas há milhares de anos. Com efeito, assiste-se a um cenário comercial de violência e risco à biodiversidade que urge por soluções. São necessárias, por fim, medidas que impactem e modifiquem esse desequilíbrio nas relações interespecíficas entre humanos e animais. Assim sendo, impende que o Poder Executivo Federal intensifique as fiscalizações de maus-tratos, por meio da contratação de mais servidores para o IBAMA, a fim de que a sensação de impunidade existente no que se refere ao abandono de animais deixe de existir. Ademais, é necessário que escolas lecionem ética ambiental desde cedo aos alunos, demonstrando que todas as forma de destratos são graves, bem como a precificação dos animais, afinal, como afirmar Singer, o respeito a uma espécie não decorre da capacidade dela de raciocinar, mas de sentir.