A moradia é um direito inalienável de todos os cidadãos brasileiros. Entretanto, a acessibilidade à população em situação de rua configura-se como um grande impasse na inclusão de todos os indivíduos. Com isso, surge a problemática de fomentar a integração dos mendicantes no Brasil, que cresce intrinsecamente ligada à realidade do país, seja pela ineficácia das políticas públicas, seja pela cultura acerca do morador de rua no país. É indubitável que a questão legislativa e a sua aplicação contribuem para o problema a respeito da integração à sociedade. Residentes de vias públicas têm os seus direitos garantidos pela Constituição e pela Política Nacional criada exclusivamente para esse público. Contudo, a ausência de um maior entendimento dos fatores que levam os indivíduos sem lar a existirem e que impedem de exercerem plenamente seus direitos impossibilitam a sua eficiência. Tais legislações apresentam resultados ineficientes, já que não são capazes de proporcionar uma conjuntura na qual a inclusão social represente uma opção viável a todos os habitantes. Além do mais, a falta de notoriedade aos mendicantes é culturalmente padronizado no país. Assim, de acordo com o precursor da sociologia, Émile Durkheim, o fato social é a maneira coletiva de agir e pensar. Ao seguir essa linha de pensamento, observa-se que o impasse na promoção na inclusão do morador de rua encaixe-se na teoria do sociólogo, uma vez que, se um indivíduo cresce em um círculo social que inferioriza o mendigo e não o trata como merecedor de oportunidades igualitárias, tende a adotar um determinado comportamento também devido à vivência. Logo, o preconceito da sociedade à integração do mendicante em todas as esferas civis, transmitido de geração em geração, funciona como "sin qua non" dessa cultura, perpetuando o problema. Com o intuito de valorizar a inclusão social e criar condições indispensáveis para o seu sucesso, é preciso que o Governo do Estado melhore a prestação de serviços a população com inexistência de moradia, bem como dar prioridade a esse público para a inserção no mercado de trabalho, por meio de parcerias com iniciativas privadas e cursos profissionalizantes, a fim de proporcionar maiores oportunidades socioeconômicas aos moradores de rua e, lentamente, mudar a cultura rumo ao amparo comunitário.