Título da redação:

Redação sem título.

Proposta: Como promover a integração dos moradores de rua à sociedade

Redação enviada em 14/04/2018

O trecho “Os ninguéns: os filhos de ninguém/Correndo soltos, morrendo a vida/Que não são embora sejam” do escritor uruguaio Eduardo Galeano ganha sentido quando associado à realidade das populações que se encontram em situação de rua nos diversos países. São grupos heterogêneos que compartilham a condição de pobreza absoluta e a falta de pertencimento à sociedade formal, em virtude da intensa exclusão social que sofrem. No que diz respeito ao Brasil, que também apresenta esse cenário, a situação é crítica e exige ações voltadas para a integração social desses indivíduos, de modo que possam ser reconhecidos como sujeitos de direitos e dignos de condições melhores de vida. Em primeiro lugar, ressalta-se a importância da comunicação entre esses grupos fragilizados e o Estado na construção de políticas públicas que sejam adequadas ao problema. Para que os esforços governamentais sejam efetivos e tragam bons resultados, é essencial a compreensão da diversidade que compõe a população de rua e dos diferentes fatores que a levou a tal condição. São idosos, crianças, homens, mulheres, trans, LGBT’s que se destinaram à rua não só por falta de moradia, mas por problema de desemprego, excesso de álcool/drogas e várias outras e, por isso, só uma conversação entre essas pessoas e poder público resultará em políticas que sejam efetivas. Em se tratando de um exemplo de canal, tem-se o Comitê PopRua/SP, criado para debater medidas para os indivíduos em situação de rua, fato que reafirma a importância do diálogo. Outrossim, é imprescindível esclarecer que o sentimento de cidadania precisa ser, antes de tudo, trabalhado nos habitantes de rua. É comum que se observe nesses grupos uma forte falta de referência e descrença com o sistema, os quais os levam à sensação de estranheza diante do convívio social. Dessa forma, é necessário estimular o debate sobre cidadania, que, em conceito, constitui o conjunto de direitos e deveres a que uma pessoa está sujeita em relação à sociedade em que vive. Sem essa consciência, portanto, dificilmente conseguirão uma inserção social e tampouco buscarão a garantia de seus direitos em instituições públicas. Destarte, para que não ocorra a alienação abordada pelo geógrafo Milton Santos, oriunda da não identificação com o meio, é preciso que a relação indivíduo-espaço seja cultivada. Fica claro, portanto, que a inserção saudável da população de rua à sociedade aponta para ações integradas entre todos os setores. Desse modo, faz-se urgente que a Defensoria Pública da União, com o auxílio de organizações engajadas, como o Comitê PopRua, articule seu papel de assistência jurídica de forma a atender o maior número de moradores de rua, treinando voluntários que possam atuar nos pontos principais de localização desses grupos, prestar subsídio jurídico e fomentar a consciência cidadã em cada um. Assim, “os ninguéns” de Galeano passarão a ser, reconhecidamente, alguéns que buscam e possuem direitos, dignidade e condições de vida adequadas.