A moradia, nos termos da Constituição brasileira de 1988, é um direito social garantido pela legislação. No entanto, infelizmente, constata-se que, para uma grande parcela da população, essa garantia não é efetivada. Por isso, torna-se pertinente debater-se questões sociais e econômicas que circundam o tema destes que são invisíveis aos olhos da sociedade : Os moradores de rua. É necessário destacar, sob um primeiro plano, que a intensa concentração de renda é um fator que condiciona a situação dessas pessoas que vivem em estado de miséria. "O de cima sobe e o de baixo desce". Chico Science, cantor representante do movimento Manguebeat, representa com excelência e simplicidade a maneira com a qual o sistema capitalista é regido. Tendo em vista que a maioria das empresas funcionam sob a ideia da maximização do lucro, representada por Karl Marx como "mais-valia", o que se observa é que há uma tendência geral de aumento das desigualdades. Ademais, é fundamental salientar a integração por meio do trabalho como uma forma de realização pessoal desses cidadãos, assim como uma ótima medida econômica. Partindo-se do ideal calvinista de que "o trabalho dignifica o homem", a ação estatal no que se refere à inserção de moradores de rua, auxiliando-o desde sua capacitação até a inserção no mercado de trabalho, é uma medida imprescindível visando à sua integração social. Além disso, garantir a estabilidade econômica desses indivíduos significa um aumento da produtividade nacional, bem como uma redução de gastos estatais referentes a programas assistencialistas. Fica claro, portanto, que tanto medidas sociais de combate à miséria quanto programas de capacitação de indivíduos em situação de rua são de extrema importância. Para isso, em primeiro lugar, como medida a curto prazo, o Governo Federal deve, por meio de mecanismos de distribuição de renda, como o Bolsa família e o Fome zero, garantir que direitos fundamentais e mínimos, a exemplo da moradia e da alimentação, sejam efetivados. Outrossim, aliado aos mecanismos de combate imediato da miséria, o Ministério da Educação, em parceria com o Ministério do Trabalho, deve possibilitar, baseando-se em programas com o Encceja e o Pronatec, a capacitação desses indivíduos em situação de rua, incentivando-os a integrar o mercado de trabalho. Com essas medidas, busca-se uma sociedade menos desigual, assim como um desenvolvimento educacional e econômico da nação.