A falta de voz e o descaso com os indivíduos de baixa renda não é apenas uma situação atual no Brasil. Desde o início da república brasileira, medidas excludentes a esta parcela da população são notórias, a exemplo da "Constituição da Mandioca" desse período, que permitia voto apenas aos de alta renda. Hodiernamente, tal invisibilidade ainda assola intensivamente aos moradores de rua e, por refletir diariamente no progresso social, o combate torna-se uma obrigação moral. Segundo Karl Marx, o motor da história é constituído pela luta de classes entre um povo desprovido de capital e uma burguesia detentora de poder, e que, o combate a este sistema viria por manifestações do proletariado. Aplicando ao devido contexto, tal formulação é capaz de explicar revoluções como o "Movimento Sem Terra" (MST) frente a um cenário de tamanha desigualdade quanto a distribuição de terras no Brasil. Apesar da garantia constitucional do direito a vida e moradia digna, sabe-se que isso não ocorre na prática no Brasil, em contraste a países exemplares como Finlândia e Noruega, que apresentam baixos índices de moradores de rua como fruto de uma devida aplicação de leis que permitam a inclusão social efetiva destes. Já na realidade brasileira, quem acaba abraçando a causa dos desabrigados é o povo marginalizado que contribui para o aumento da criminalidade no país. Depreende-se portanto que raízes históricas bem como toda a conjuntura social brasileira corroboram para intensificar o impasse. Nesse sentido, tornam-se necessárias medidas capazes de mitigar essa questão, cabendo ao governo brasileiro, na figura do poder legislativo e judiciário, estabelecerem novas políticas a exemplo das cotas, tanto de empregos quanto estudos aos desalojados, uma vez que sua grande maioria são desempregados ou alfabetos funcionais e científicos. Além disso, vale ressaltar a necessidade de promoção de novos programas voltados a questão da moradia como o "Minha casa minha vida" porém destinado especificamente aos moradores de rua. Afinal, como dito por Platão: "O importante não é apenas viver, mas viver bem.".