Entre os séculos XI e XIV, durante as cruzadas, moradores de rua eram enviados para lutar nas batalhas a fim de 'limpar a cidade" desses moradores indesejados. No século XXI, a situação desses moradores não se encontra melhor, visto que vivem à margem do corpo social e são totalmente desvinculados da sociedade civil. Isso se deve à falta de assistência governamental em consonância com o descaso da população, que já se habituou a essa questão. Referente à falta de assistência governamental, pode-se afirmar que a questão constitucional e sua devida aplicação estão entre as causas da problemática. Para Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. Entretanto, é possível perceber que, no Brasil, embora a Constituição de 1988 garanta moradia, saúde, educação, trabalho, segurança, lazer, alimentação e assistência aos desamparados, são desafios ao governo e à sociedade, para a plena inserção de todos os cidadãos à comunidade. Outrossim, destaca-se o descaso da população frente ao problema. Segundo Emile Durkheim, o fato social é uma maneira coletiva de agir e de pensar, dotada de exterioridade, generalidade e coercitividade. Segundo essa linha de pensamento, observa-se que o preconceito sofrido por essa parcela da população pode ser encaixado na teoria do sociólogo, uma vez que, se uma criança vive em uma família com esse tipo de comportamento, que discrimina os moradores de rua e que se sente no direito de agredi-los simplesmente por morarem na rua, essa criança tende a adota-lo como sendo o certo, por conta da vivência em grupo. Dessa forma, tal questão merece atenção, porque além de ferir os direitos fundamentais do ser humano, pode perpetuar a violência e o preconceito pelo país. Torna-se evidente, portanto, o isolamento social dos moradores de rua e ansiedade de integra-los à sociedade. Desse modo, é de suma importância que o Governo Federal e a Secretaria Nacional de Assistência Social criem políticas públicas para reintegrar os menos favorecidos à sociedade, investindo em educação e capacitando moradores de rua por meio de projetos sociais para que consigam emprego. Aliado a isso é necessário que os governos municipais invistam na construção de moradias populares e banheiros públicos para que essas pessoas tenham acesso pelo menos à direitos básicos até se capacitarem, conseguirem um emprego e mudarem de vida. Assim, o Brasil ficará mais próximo de ser um país de todos.