No livro “A sombra do vento”, do autor Carlos Ruiz Zafón, o personagem Fermín, logo nos primeiros capítulos, se encontra como um morador de rua pelos becos de Barcelona. Contudo, poucas páginas depois, o protagonista, Daniel Sempere, lhe dá uma oportunidade de emprego e uma chance de se reintegrar na sociedade. Infelizmente, esse cenário é pouco recorrente na realidade brasileira. Dentre os agentes que impossibilitam a integração dos moradores de rua à sociedade, encontra-se a grande porcentagem de falta de escolaridade dentre essa parcela da população, o que diminui, de forma significativa, as oportunidades de emprego, fazendo com que muitos não tenham a chance de mudar a própria realidade, mesmo que estejam dispostos a tentar. Além disso, como disse Sir Arthur Lewis, “A educação nunca foi despesa, sempre foi investimento com retorno garantido”. Nesse caso, o retorno seria a diminuição do desemprego e o aumento da qualidade de vida da população. Entretanto, na conjuntura que se baseia este debate, é oportuno mencionar que grande parte desse problema foi gerado após a abolição da escravidão. Os ex escravos não possuíram apoio do governo para de inserir no sistema capitalista da época, o que deixou-os sem ter como se sustentar e aumentando significantemente a quantidade de pessoas nessa situação. Logo, impulsionando um empasse que permanece até os dias contemporâneos. Ademais, é justo reconhecer a necessidade de colaborar para o fim desse problema. Logo, uma possibilidade seria que a secretaria de direitos humanos de cada município investisse na reinserção dessas pessoas no mercado de trabalho. Isso poderia ser feito à partir de cursos profissionalizantes voltados para essa parcela da população. Essa iniciativa contribuiria para que eles se dispusessem de um currículo mais apresentável, o que geraria um aumento na probabilidade de eles conseguirem um emprego e se reintegrarem na sociedade.