A obra "Alice no País das Maravilhas" de Lewis Carroll tem em um de seus capítulos a descrição de um julgamento em que a Rainha de Copas prefere a sentença antes do veredicto. Analogamente, a sociedade assim faz com muitos ex-presidiários, não só no momento de condenação desses pelos seus crimes, mas também quando os detentos são libertos e não possuem oportunidades sociais e profissionais para adequarem suas vidas. As causas da ausência de tais oportunidades são, principalmente, um modelo prisional punitivo em vez de ressocializador e o devastador preconceitos dos cidadãos com ex-detentos. Infelizmente, o Brasil possui uma das maiores populações prisionais do mundo e, além disso, cerca de 42% dos ex-penitenciários reincidem no crime. O motivo de tamanha taxa de reincidência se dá pela adequação de um sistema prisional punitivo em vez de ressocializador. A falta de projetos de reabilitação social e de cursos capacitadores e educativos fazem com que os presidiários saiam da prisão piores do que entraram. Outrossim, o preconceito é, sem dúvidas, o maior obstáculo a ser enfrentado pelos ex-presidiários que têm a pretensão de conquistar um emprego e construir uma vida digna. A sociedade zoomorfiza os ex-detentos, exclue quaisquer possibilidades de reestruturação da vida social e profissional desses e os leva a optar por uma estratégia criminosa de sobrevivência, novamente. Diante desse cenário catastrófico, fica clara a problemática de inclusão social de ex-presidiários no Brasil. Portanto, é fundamental que o Governo Federal projete e invista numa reforma do modelo prisional para um sistema reabilitador e capacitador, com cursos profissionalizantes e projetos de reabilitação social. Também é necessário que o Ministério da Educação e Cultura invista e realize propagandas e publicidades em geral com a finalidade conscientizadora e educadora de desconstruir a atual mentalidade brasileira a respeito dos ex-penitenciários para que se desintegre o preconceito e aumente a inclusão social.