Na obra ‘’Os Miseráveis’’, Victor Hugo conta o drama vivido por um ex-presidiário que é obrigado a trocar de identidade para poder se reintegrar na sociedade francesa do século XVIII. No Brasil contemporâneo, o preconceito e a marginalização sofridos por ex-presidiários não difere muito da obra literária, isso por que o sistema penitenciário pune, mas ignora a necessidade de inclusão social dos indivíduos, a qual envolve tanto a ressocialização quanto a reeducação. Em primeira instância, a falta de oportunidades de emprego e escolarização para os ex-detentos é um dos vetores para que esses voltem a cometer delitos. A ausência de cursos que eduquem e capacitem os presos enquanto ainda encarcerados impede que os mesmos consigam empregos quando livres e tenham alternativas para não reincidir ao crime. Nesse sentido, a educação atua como o principal agente de transformação, sendo indispensável na formação de melhores cidadãos. Além disso, a visão desumana e hostil de um ex-encarcerado compartilhada pela população é um contribuinte para a discriminação dos mesmos. Apesar de já ter cumprido sua pena, muitos ex-presos são tratados com desprezo e preconceito, sendo por diversas vezes privados de direitos básicos como saúde e educação. Nesse contexto, os direitos humanos que foram violados pelo ex-detento são infrigidos pela própria população. Em consonância com os fatos apresentados, a inclusão de ex-presidiários envolve várias esferas sociais. Diante disso, é necessário que o Poder Público subsidie e invista em programas como a ‘‘Cidadania nos Presídios’’ para que esses possam expandir e atuar em diversos municípios capacitando os ex-detentos com cursos preparatórios e atendimento psicosocial. Paralelo a isso, os meios de comunicação, tal como telejornais, rádios e revistas devem promover campanhas a fim de diminuir o preconceito com ex-presos, através de matérias e entrevistas com egressos que tiverem oportunidades e obtiveram sucesso. Dessa forma, a miserabilidade dos ex-presidiários irá se condicionar a obra de Victor Hugo.