Título da redação:

O Brasil de Stefan Zweig

Tema de redação: Como promover a inclusão social de ex-presidiários no Brasil

Redação enviada em 17/05/2018

Ao refugiar-se, no Brasil, da Segunda Guerra Mundial, o escritor austríaco Stefan Zweig publicou, em 1941, o livro “Brasil: País do Futuro”. No entanto, a dificuldade de inclusão social de ex-presidiários não faz jus a essa premissa, uma vez que há grande preconceito da sociedade e, também, ausência do Estado no que concerne a ressocialização desses detentos. Dessa forma, deve-se analisar quais caminhos seguir para a inclusão dessas pessoas no Brasil. É indubitável que o preconceito impregnado na população é a principal causa do problema em questão. Isso ocorre porque, sob a perspectiva do sociólogo Pierre Bourdieu na Teoria do Habitus, a sociedade tende a incorporar, naturalizar e reproduzir as estruturas sociais. Nessa lógica, percebe-se o padrão comportamental existente com o preconceito presente a respeito dos egressos do sistema carcerário. Dessa maneira, o restante da população tende a rejeitar candidatos ex-presidiários a oportunidades de empregos e, até mesmo, à convivência social deles e de seus familiares. Em consequência dessa deficiência de sociabilidade tem-se a diminuição da saúde e qualidade de vida quando relacionada ao bem-estar físico e psíquico, além do aumento do desemprego nessa parcela da população. Outrossim, é notório que a ausência do Estado na ressocialização dos detentos também está entre as causas do problema. Isso acontece porque o sistema carcerário vigente no país foca em punir os transgressores das leis, superlotando os presídios, mas não em educá-los e prepará-los para voltar ao convívio em sociedade e a exercer uma profissão. Não há, por exemplo, um destaque à alfabetização, tampouco ao ensino de cursos técnicos e, até mesmo, superiores aos reclusos, visto que, segundo dados do Conselho Nacional de Educação, mais de 60% da população presidiária não concluíram o ensino fundamental. Com isso e com o preconceito consolidado na população, a falta de oportunidades de emprego e dificuldades financeiras, como mostra dados divulgados na Gazeta do Povo, mais de 40% dos ex-penitenciários reincidem no crime e acabam na prisão novamente. Torna-se evidente, portanto, que a inclusão social de ex-presidiários precisa de atenção da sociedade. Em razão disso, o Governo Federal, em parceria com o Ministério da Educação e ONGs, deve promover alfabetização e capacitação dos presos, a fim de promover o desenvolvimento pessoal e social com o conhecimento, além de propor a contratação desses detentos por intermédio de incentivos fiscais como isenção de impostos àquelas que destinarem pelo menos 5% de seus cargos a essas pessoas, com o intuito de diminuir o desemprego e a reincidência em alguns crimes. Ademais, o Governo Federal e as escolas devem promover campanhas, palestras e workshops de conscientização de igualdade dentre a população com profissionais especializados para combater a descriminação presente a cerca dos penitenciários, afinal o preconceito é socialmente construído, mas pode ser culturalmente combatido por meio da educação. Isto posto, poder-se-á aproximar o Brasil real do Brasil idealizado há quase oito décadas por Stefan Zweig.