É incontrovertível que o Brasil enfrenta uma crise no sistema carcerário, que reflete na ressocialização dos ex-presidiários na comunidade, os quais ao sair de um encarceramento sem incentivos de alfabetização e de capacitação ficam a margem da sociedade. Outrossim, a falta de inclusão corrobora para a reincidência ao mundo do crime, que segundo a Gazeta do Povo chega a cerca de 42%. Sendo a exclusão desses um revés prejudicial à nação, por se configurar ato destrutivo, retrógrado e preconceituoso a ser elucidado urgentemente. No livro Memórias de uma Sargento de Milícias , do autor Manuel Antônio de Almeida, vemos o famoso anti-herói Leonardo, o qual após a prisão consegue o cargo de sargento e um final feliz. Destarte, a realidade dos ex-presidiários brasileiros não é a mesma, visto que ao serem libertos encontram empasses e preconceitos estigmatizados. Assim, devido à falta de empatia e o individualismo já descrito por Zigmund Bauman, existe uma rejeição da família após os anos de prisão e da própria sociedade não se sente responsável em inserir os mesmos, mas em se manter distante, tendo uma visão determinista e de superioridade. Com isso, a marginalização e a criminalidade é uma realidade àqueles que precisam de ajuda. Além disso, para Nelson Mandela, que antes de ser eleito Presidente da África do Sul foi preso, só se conhece um país após estar atrás das grades, assim uma nação não deveria ser julgada pelo modo que trata os melhores cidadãos, mas sim os piores. Todavia, hodiernamente tal visão não é posta em prática, sendo indubitável que a superlotação dos cárceres, a falta de estrutura e de dignidade dos detentos é uma realidade. Dessa forma, mesmo que o Brasil tem legislações que assegurem os direitos dos detentos, vê-se uma lentidão na prática, sendo inaceitável a persistência de tal imbróglio. Exposta a problemática, fazem-se presentes medidas para incluir ex-detentos na sociedade canarinha. É vital que o Governo Federal destine maiores verbas ao sistema prisional a fim de garantir a integridade física e moral dos encarcerados já descrita na Constituição. O mesmo órgão, juntamente com o Ministério da Educação deve criar programas de alfabetização e capacitação nas prisões, incentivando o crescimento profissional e pessoal, com intuito de reinseri-los na comunidade e mitigar a reincidência a criminalidade. Além disso, as mídias televisivas subsidiadas por órgãos públicos deve abordar em novelas a importância de inclusão e quebra de preconceitos, atingindo dessa forma maior contingente populacional e transformação das mentes. Só dessa forma, utilizando os meios adequados, os Leonardos de hoje após saírem das grades terão um final feliz.