Título da redação:

Do estigma ao desemprego: a exclusão persiste

Tema de redação: Como promover a inclusão social de ex-presidiários no Brasil

Redação enviada em 12/09/2018

De acordo com dados do Ministério da Justiça, de 2016, o Brasil possui cerca de 730 mil pessoas presas. Sob esse viés, torna-se fundamental o debate a respeito da inserção futura de tais presidiários na sociedade. Nesse contexto, revela-se que o ex-detento enfrenta o impasse de ser considerado eternamente culpado por expressiva parcela da população, situação que pode resultar, inclusive, na reincidência criminal. Cabe, portanto, refletir sobre as formas de incluir tais cidadãos na comunidade. Em primeiro plano, é importante pontuar a relação entre a condenação criminal e a perpetuação do estigma do erro. O mundo ocidental, moldado durante os séculos pela religiosidade —em especial, a cristã—, internalizou a cultura da culpa. Nesse sentido, tem-se que o cidadão responsabilizado por um crime possui, além do senso legal, o peso do desvio moral publicamente exposto. Com isso, entende-se o porquê da ocorrência da marginalização de tais pessoas ao saírem das cadeias, de modo que fica evidenciada a necessidade da criação de medidas conscientizadoras da sociedade referentes ao tema. Por outro lado, é imprescindível destacar o papel da profissionalização na consolidação da vida social e na interrupção do ciclo de reincidência da parcela presidiária. Conforme a definição do sociólogo Marx, provém do trabalho a subsistência humana. Nessa ótica, tendo em vista que parte da população carcerária está em idade produtiva e entra no crime a fim de criar condições para manter seus familiares, fica claro o poder do emprego formal na inserção de tais cidadãos na sociedade. Assim, é urgente que as políticas de formação profissional nos presídios sejam aperfeiçoadas, de maneira a promover a participação dos ex-detentos nos rumos econômicos e sociais do país. Diante do discutido, infere-se que os entraves relacionados à inclusão social de ex-presidiários envolvem questões culturais de preconceito, como também de ausência de ferramentas estatais que propiciem a integração de tal grupo ao mercado de trabalho. Dessa forma, para dirimir tais problemas, é preciso que a mídia, por meio da televisão, incorpore a temática da ressocialização de um ex-detento na trama da novela das nove, com o objetivo de que a população telespectadora compreenda a possibilidade de reabilitação de um condenado na vida social do país. Ademais, é preciso que o MEC, com apoio das Secretarias de Educação dos estados, implemente cursos técnicos nos presídios de maior fluxo e realize consórcios com empresas de prestação de serviço público, com o fito de que essa parcela carcerária, ao completar a pena, já adentre o mercado de trabalho com carteira assinada. A partir dessas ações, ver-se-á a promoção da inclusão social desses cidadãos no Brasil.