Título da redação:

A Não Participatividade Inercial

Proposta: A participação política do jovem no Brasil contemporâneo

Redação enviada em 22/06/2018

Aldous Huxley em “A Democracia e Outros Estudos” discute que, em toda sociedade, há um impulso para a conformidade com algumas ações - mesmo as ruins - devido aos costumes ou tradições. Ou seja, permanecem inercialmente. A falta de estímulos à participação do jovem na política brasileira é um triste paralelo a tal inércia. Logo, essa ausência de participatividade reflete diretamente no futuro do país, uma vez que esses jovens não entendem o poder de mudança que possuem. O jovem brasileiro cresce, quase sempre, em um meio ausente de debates sobre direitos ou política. Dentro dos colégios, não raro, as matérias são repassadas apenas para o cumprir de programação sem, infelizmente, o ideal de formar indivíduos críticos ou politizados. Dados do IBGE corroboram tal desinteresse político: nos últimos 4 anos o número de jovens - entre 16 e 17 anos - com título de eleitor caiu em mais de 10%. Fortalece-se, pois, a visão de que, para a juventude, as mudanças efetivas na sociedade só ocorrem pelas mãos dos políticos e não dos eleitores. Dessa maneira, os jovens afastam-se paulatinamente de qualquer participatividade política, seja por desinteresse ou por repressão. A repressão tornou-se notória nas ocupações dos colégios na cidade de São Paulo em 2016. A força utilizada contra os ocupantes é apenas um lamentável reflexo do despreparo da sociedade ao lidar com a participação desses. Dentro das próprias escolas, os jovens que se posicionam politicamente, não raramente, são repreendidos também. Contudo, a inibição da participatividade do jovem é prejudicial, dado que, segundo o sociólogo britânico Eric Hobsbawn, a escola é uma das instituições que compõe a superestrutura e possui influência para mudar a infraestrutura vigente. Destarte, cabe a ela estimular a juventude a participar politicamente para mudar futuramente o país. Em suma, cabe ao Governo do Estado, por meio de uma emenda constitucional, colocar aula de Estudos Políticos na grade de ensino – desde o Ensino Fundamental II até o Colegial – com aulas semanais e uma avaliação bimestral para verificar se o ensino foi efetivo. Além disso, incentivar a criação de grêmios escolares. Portanto, espera-se a formação de cidadãos, pais, trabalhadores, educadores e futuros governantes que saibam a importância da política e sua discussão para a evolução de um país. Por consequência, tal ensino desmotivará a não participatividade política e colocará fim a conformidade tão criticada pelo britânico Aldous Huxley.