O Ministério da Saúde, em pesquisa recente, revelou que quase metade da população brasileira está acima do peso. Os dados divulgados pelo órgão expressam uma realidade alarmante nos hábitos alimentares do país, que são marcados pela ignorância e até pelo descuido. Nesse sentido, fatores de ordem educacional, bem como social, caracterizam um quadro de insegurança da alimentação no Brasil. É importante pontuar, de início, a negligência escolar quanto à questão alimentícia. À guisa de Kant, o ser humano é tudo aquilo que a educação faz dele. Entretanto, as escolas brasileiras falham nesse processo de formação social ao não abordarem os hábitos alimentares e a importância de uma dieta equilibrada. Como reflexo dessa realidade, principalmente em regiões periféricas onde o acesso ao ensino é ainda mais restrito, tem-se uma população que desconhece os danos que uma má alimentação pode acarretar. Tal fato é ratificado pelo documentário “Muito além do peso”, que mostra a ignorância das famílias de crianças obesas acerca dos malefícios de determinados produtos, ricos em açúcares e gorduras. Outrossim, tem-se a influência do modo de vida contemporâneo na insegurança alimentar dos brasileiros. Conforme o pensador Zygmunt Bauman, a modernidade é marcada pela fluidez e pela rapidez de suas transformações. Nesse contexto, o ritmo acelerado do mundo moderno provocou uma degradação na alimentação, com o favorecimento dos alimentos de fácil preparo que, na maioria dos casos, são prejudiciais à saúde humana. Esse fenômeno é ratificado pela ascensão dos chamados fast-foods, que teve um intenso crescimento nos últimos anos ao prezar por produtos de rápida preparação. É notória, portanto, a relevância de fatores educacionais e sociais na problemática supracitada. Nesse viés, cabe às escolas, em parceria com a mídia, promover a conscientização dos brasileiros acerca dos danos que uma alimentação desequilibrada pode acarretar. A ideia da medida é, a partir de palestras e debates nas salas de aula, além de propagandas educativas e telenovelas que abordem o assunto, consolidar na população hábitos alimentares mais saudáveis, minimizando os casos de sobrepeso e obesidade noticiados recentemente pelo Ministério da Saúde. Ademais, as ONGs da área, em consonância com os postos de saúde, devem ressaltar entre os brasileiros a importância da alimentação na vida dos indivíduos. Esse projeto deve buscar, por meio de diálogos esclarecedores e campanhas na internet, a ressignificação das refeições para que estas deixem de ser práticas corriqueiras, ancoradas em alimentos industrializados. Assim, o Brasil estará no caminho certo para promover a segurança alimentar a todos os seus cidadãos.